Trump ofereceu asilo a Bolsonaro e imunidade contra Interpol, diz aliado

Atualizado em 18 de julho de 2025 às 13:31
Jair Bolsonaro junto ao presidente dos EUA, Donald Trump. Foto: Divulgação

O jornalista Paulo Figueiredo, alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento na trama golpista de 2023, afirmou que o governo dos Estados Unidos cogitou oferecer asilo a Jair Bolsonaro e a seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), além de proteção contra eventuais alertas da Interpol.

A revelação foi feita durante uma transmissão ao vivo na última quarta-feira (17), no ‘Paulo Figueiredo Show’, com a presença de Eduardo. Segundo eles, a proposta foi discutida em reunião no Departamento de Estado, em Washington, mas acabou descartada.

“Tinha oito pessoas do Departamento de Estado, mas [também] tinha uma pessoa da Casa Branca especificamente na reunião. E ela virou e falou assim: ‘se fosse oferecido algum acordo de liberdade para o seu pai para ele vir para os Estados Unidos exilado e a gente livrasse vocês dois [Jair e Eduardo] da Interpol?’”, relatou Figueiredo.

Eduardo confirmou a proposta e rejeitou a possibilidade: “Fora de cogitação”. A declaração acontece em meio ao avanço das investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) e às novas restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O jornalista Paulo Figueiredo e o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro. Foto: Divulgação

Entre as medidas cautelares determinadas por Alexandre de Moraes está o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno, proibição de sair de Brasília e impedimento de contato com diplomatas e aliados investigados, incluindo Eduardo. A decisão veio após a PF encontrar US$ 14 mil na casa do ex-presidente e identificar risco de fuga.

Jair Bolsonaro também está impedido de acessar redes sociais e de se aproximar de embaixadas. O ex-presidente brasileiro afirmou em entrevista que jamais cogitou fugir do país ou buscar refúgio em embaixadas, apesar de ter passado duas noites na Embaixada da Hungria em 2024, fato revelado pelo ‘New York Times’.

À época, Bolsonaro teve o passaporte retido pela PF durante a Operação Tempus Veritatis, que apura uma possível tentativa de golpe. Ele definiu a atual situação como uma “suprema humilhação” e disse que “sempre guardou dólar em casa”.

Segundo Figueiredo, o motivo para recusar a oferta americana de asilo foi a expectativa de uma futura anistia ampla. “A aposta era numa anistia ‘ampla, geral e irrestrita’ para Bolsonaro e seus aliados investigados, especialmente após os atos de 8 de janeiro”, explicou o ele.

A ofensiva diplomática liderada por aliados de Donald Trump também intensificou o embate. O presidente dos EUA, em carta divulgada nesta semana, acusou o Judiciário brasileiro de promover uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro e classificou as ações do STF como “ataques insidiosos às eleições livres”. No dia seguinte, anunciou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros.

Na carta, Trump mencionou ainda a inelegibilidade de Bolsonaro, as ações do STF contra big techs e um suposto déficit comercial, inexistente segundo dados oficiais, para justificar as sanções econômicas. Ele encerrou a mensagem afirmando que acompanhará de perto os desdobramentos judiciais contra seu aliado sul-americano.

Jair Bolsonaro foi denunciado pela PGR no inquérito que investiga a tentativa de golpe e é réu no Supremo Tribunal Federal. As investigações apontam que ele atuou para reverter ilegalmente o resultado das eleições de 2022. O cerco jurídico inclui acusações de obstrução de Justiça, coação de testemunhas e ataques à soberania nacional.