Trump pode tentar interferir na eleição de 2026, avalia o governo Lula

Atualizado em 23 de dezembro de 2025 às 19:59
O presidente Lula. Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que os Estados Unidos podem tentar interferir na eleição presidencial brasileira de 2026. A análise considera que a relação pessoal entre Lula e o presidente norte-americano Donald Trump não impediria uma atuação externa em favor de um candidato da extrema-direita no Brasil. Com informações de Patrícia Campos Mello, na Folha de S.Paulo.

Segundo a avaliação de um alto funcionário do governo brasileiro, a retirada de parte das tarifas sobre produtos brasileiros e de sanções previstas na Lei Magnitsky pode ter sido apenas um movimento estratégico. De acordo com essa leitura, Trump teria feito “apenas um recuo tático” após a tentativa de impedir a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O ex-presidente Jair Bolsonaro durante entrevista. Foto: Sergio Lima/Poder360

O Planalto compara o cenário brasileiro a episódios recentes em outros países da América Latina. Na Argentina, o governo dos Estados Unidos condicionou a concessão de um pacote de ajuda financeira de US$ 20 bilhões a um bom desempenho eleitoral do partido do presidente Javier Milei em eleições legislativas.

Em Honduras, Trump declarou apoio público ao candidato da ultradireita Nasry “Tito” Asfura. A presidente do país, Xiomara Castro, afirmou que houve um “golpe eleitoral” em razão da “interferência do presidente dos Estados Unidos”. Antes da eleição, Trump disse que a candidata governista Rixi Moncada era comunista.

Após a votação, ainda sem resultado final consolidado, o Departamento de Estado dos Estados Unidos revogou vistos de duas autoridades eleitorais ligadas ao partido de esquerda de Xiomara Castro, sob a alegação de que estariam interferindo na apuração dos votos.

Diante desse contexto, o governo brasileiro avalia a necessidade de adotar “vacinas” contra uma eventual intervenção externa. Entre as medidas citadas está a cooperação com os Estados Unidos no combate ao crime transnacional, além do acompanhamento da agenda diplomática bilateral envolvendo tarifas e vistos.