O governo do presidente Donald Trump se prepara para ampliar de forma significativa as restrições contra estrangeiros nos Estados Unidos. Depois de barrar visitantes de 19 países na última semana e impor limitações adicionais a outras sete nações, a lista de países proibidos pode ultrapassar 30, segundo antecipou a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem.
“Não vou especificar o número, mas são mais de 30, e o presidente continua avaliando os países”, afirmou Noem em entrevista à Fox News, emissora aliada do governo de extrema-direita.
A secretária relatou que discutiu o tema diretamente com Trump nesta semana e adotou um tom ainda mais duro ao justificar a ampliação da política migratória. “Estou recomendando uma proibição total de viagens para todos os países de merda que têm inundado nossa nação com assassinos, sanguessugas e viciados em direitos adquiridos”, disse. A proposta abrange desde turistas até pessoas que planejam viver nos Estados Unidos de forma permanente.
Segundo a secretária, a medida atende ao entendimento do governo de que a política migratória deve proteger os interesses internos.
“Nossos antepassados construíram esta nação com sangue, suor e um amor inabalável pela liberdade — não para que invasores estrangeiros massacrassem nossos heróis, sugassem nossos impostos suados ou roubassem os benefícios devidos aos americanos”, declarou.
A administração Trump já havia proibido a entrada de cidadãos de Afeganistão, Mianmar, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Haiti, Irã, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen, além de impor restrições parciais a viajantes de Burundi, Cuba, Laos, Serra Leoa, Togo, Turcomenistão e Venezuela.
A Casa Branca não detalhou quais países podem entrar na próxima leva de sanções, mas o presidente deu pistas recentemente. Em postagem na Truth Social, Trump disse que pretende suspender “permanentemente” a entrada de pessoas de “todos os países do terceiro mundo” para que “o sistema americano se recupere”.
O termo “Terceiro Mundo”, embora em desuso acadêmico, tem sido resgatado de forma pejorativa para classificar economias menos desenvolvidas, categoria na qual frequentemente é incluído o Brasil. A declaração indica que o governo pretende avançar sobre um grupo amplo de nações.
A pressão contra estrangeiros tem crescido nos últimos dias. Em 2 de dezembro, o governo suspendeu todos os pedidos de imigração, asilo e green card de cidadãos dos 19 países já listados.
A decisão veio após um imigrante afegão matar uma agente da Guarda Nacional em Washington, no fim de novembro. A diretriz do USCIS determina a interrupção de solicitações de residência permanente, autorizações de trabalho e outras permissões relacionadas a processos migratórios.
Até mesmo cidadãos dessas nacionalidades que já vivem nos Estados Unidos terão seus vistos e permissões reavaliados. Paralelamente, o ICE intensificou operações em diversos estados, com aumento de detenções e triagens de estrangeiros considerados irregulares.