Trump recria o Departamento da Guerra para ganhar o Nobel da Paz; entenda

Atualizado em 25 de agosto de 2025 às 17:13
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saúda os militares americanos. Foto: Divulgação

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (25) que pretende renomear o Departamento de Defesa para Departamento da Guerra, retomando a nomenclatura usada até 1947. A declaração surpreendeu a imprensa americana e foi vista como mais um movimento do republicano para chamar atenção em meio a pressões internas e externas.

Antes era chamado de Departamento da Guerra e soava mais forte. Se vocês quiserem mudar de volta para o que era quando estávamos acostumados a ganhar guerras o tempo todo, está OK para mim”, disse Trump a repórteres.

O presidente afirmou ainda que a mudança será oficializada em uma semana. “Eu não quero que seja só de defesa, mas também de ataque”, completou. A proposta vem em um momento delicado, quando Trump tenta mediar um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia.

O republicano recebeu Vladimir Putin, Volodimir Zelenski e aliados em território americano, mas até agora não houve avanços concretos. Ao mesmo tempo, enfrenta críticas por ensaiar decretar intervenção federal em cidades governadas por democratas, como Nova York e Chicago, após a militarização de Washington.

O contraste é ainda maior porque o presidente tem repetido que busca se consolidar como “o presidente da paz”. Trump já declarou ter resolvido “seis ou sete conflitos” nos primeiros meses de governo, embora apenas dois acordos, entre Azerbaijão e Armênia e entre Ruanda e República Democrática do Congo, tenham sido assinados sob mediação da Casa Branca.

O presidente dos EUA, Donald Trump, assina ordens executivas. Foto: Divulgação

Segundo o jornalista David A. Graham, autor de um livro sobre a extrema direita nos EUA, Trump teria “uma obsessão pelo Nobel da Paz”, talvez em razão do prêmio recebido por Barack Obama em 2009, logo no início de seu mandato. A busca por esse reconhecimento teria motivado sua insistência em se apresentar como pacificador, ainda que a prática indique outra direção.

O Departamento de Defesa, atualmente alvo da proposta de renomeação, é a maior estrutura militar do planeta, com 2,9 milhões de servidores, incluindo 1,3 milhão de militares da ativa e 780 mil integrantes da Guarda Nacional. Em 2024, o orçamento da pasta correspondeu a 39,4% de todo o gasto militar mundial.

Historicamente, a instituição nasceu como Departamento da Guerra em 1789, em um modelo semelhante ao das potências europeias da época. Em 1947, após a Segunda Guerra Mundial, foi criado o Estabelecimento Militar Nacional, que dois anos depois passou a se chamar oficialmente Departamento de Defesa, consolidando Exército, Marinha e a recém-criada Força Aérea sob um mesmo comando.

Durante seu mandato, Trump encheu o Salão Oval com bandeiras das Forças Armadas, promoveu desfiles bélicos em Washington e organizou recepções oficiais com exibições de bombardeiros nucleares e caças avançados. Apesar do discurso contra “guerras inúteis”, sua gestão acumulou episódios de ameaça militar a países como Irã e Venezuela, além de medidas simbólicas como a proposta de rebatizar o Pentágono.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.