Canais bolsonaristas na mira do TSE receberam R$ 10 milhões em 2 anos

Atualizado em 17 de setembro de 2021 às 10:22
Os bolsonaristas Ernani Fernandes e Thais Raposo, donos do canal Folha Política
Os bolsonaristas Ernani Fernandes e Thais Raposo, donos do canal Folha Política, receberam R$ 3 milhões no YouTube em dois anos. Foto: Reprodução

Fake news são lucrativas. Os canais bolsonaristas que estão na mira do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) receberam R$ 10 milhões em dois anos.

Ernani Fernandes Barbosa Neto e Thais Raposo do Amaral Pinto Chaves, casal que comanda o Folha Política, receberam mais de R$ 3 milhões no YouTube. Com 2,58 milhões de inscritos, o canal fez mais de 1 bilhão de visualizações desde 2016. São 13 mil vídeos, inicialmente lavajatistas e antipetistas e, posteriormente, bolsonaristas.

Além da Folha Política, outros dez canais também receberam milhões ou centenas de milhares de reais espalhando fake news. São eles: Te Atualizei, Terça Livre, O Giro de Notícias, Vlog do Lisboa, Canal Universo, Jornal da Cidade Online, Ravox, Direto aos Fatos, Emerson Teixeira e Oswaldo Eustáquio.

A corte avalia criar uma regra geral para bloquear automaticamente pagamentos a todos os canais que ataquem o sistema eleitoral. Para o TSE, seria uma forma de evitar lucro com a propagação de fake news em 2022. Inicialmente, entretanto, tentam “sensibilizar” as plataformas para autorregulação, segundo a Veja. Porém, as plataformas ficam, em média, com 30% das receitas geradas pela monetização dos canais.

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Canais bolsonaristas somam quase 9 milhões de inscritos

No total, os 11 canais somam 8,9 milhões de inscritos na plataforma de vídeos. Além da monetização comum dos perfis, eles também podem receber doações diretas dos internautas. Isso preocupa autoridades, pois são quase irrastreáveis. Isso atrapalha as apurações, uma vez que quebras de sigilo não resolveriam para identificar os financiadores.

A Polícia Federal e o Ministério Público suspeitam que servidores de políticos estejam doando parte de seus salários em uma espécie de “rachadinha virtual”.