TSE e MP devem resposta sobre suspeita de manipulação eleitoral. Por Kennedy Alencar

Atualizado em 19 de outubro de 2018 às 13:51
Bolsonaro e as fake news

Publicado originalmente no Blog do Kennedy

POR KENNEDY ALENCAR, jornalista

Como o financiamento privado de pessoa jurídica foi proibido no Brasil, é grave a informação de que empresários que apoiam Jair Bolsonaro estão contratando disparos em massa nas redes sociais. Se for comprovada tal tentativa de manipulação, trata-se de crime eleitoral que poderá resultar na cassação da chapa.

Reportagem de ontem da “Folha de S.Paulo”, feita pela jornalista Patrícia Campos Mello, revelou que empresas estão comprando pacotes de mensagens conta PT para distribuição em massa no WhatsApp _inclusive com ação planejada para acontecer a uma semana do segundo turno de 28 de outubro.

Essa notícia vai além da enxurrada de fake news que tem assolado a eleição presidencial a favor do candidato do PSL. O ponto principal é que as empresas não podem, de acordo com a legislação, fazer esse tipo de contrato em massa. Essa prática pode ser enquadrada como caixa 2.

As instituições brasileiras, como a Justiça Eleitoral e o Ministério Público Federal, costumam agir com rapidez para punir o PT e o ex-presidente Lula. Agora, deveriam dar uma resposta ágil e clara em relação à revelação da “Folha de S.Paulo”.

Pedidos do PT e do PDT de punição a Bolsonaro vão seguir o trâmite jurídico para produzir eventual resultado. Isso é diferente de uma providência rápida da Justiça Eleitoral e do Ministério Público Federal para notificar empresas e empresários a fim de impedir disparos em massa de mensagens que contrariam frontalmente a lei. Isso dá para fazer logo. Aliás, já deveria ter sido feito pelas instituições competentes, sob pena de omissão.

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Ataques covardes

Em relação à jornalista Patrícia Campos Mello, só devem ser ditas palavras de elogio à excelente e profissional reportagem que ela fez. É um trabalho que honra toda a carreira dela. A jornalista está sendo atacada de forma covarde e injusta nas redes sociais por eleitores e simpatizantes do candidato PSL.

Esses ataques têm de ser condenados de forma veemente. Um candidato à Presidência não pode dizer que não controla e não tem nada a ver com o que os seus apoiadores fazem. Tem de liderar seus eleitores e condenar tais ataques covardes nas redes sociais que buscam intimidar o trabalho da imprensa. Aliás, trabalho necessário numa democracia.

Esse pessoal que ataca Patrícia Campos Mello tem muita dificuldade de conviver com a democracia. É um pessoal que gosta muito de defender ditadura e torturador. Mas é preciso aprender que, na democracia, a imprensa pode fazer o seu trabalho sem agressões nas redes sociais.

Críticas à imprensa e jornalistas são democráticas, mas ataques de baixo calão são covardes e detestáveis. Bolsonaro e integrantes de sua campanha deveriam condenar o que estão fazendo os seus apoiadores.