
Ignorando a tragédia e o luto dos moradores de São Sebastião, turistas têm insistido em ir às praias da cidade mesmo após a devastação que deixou dezenas de mortos e centenas de desabrigados e desalojadas. A região foi a mais afetada pelas fortes chuvas que atingiram o litoral norte de São Paulo. Com informações do Metrópoles.
A Prefeitura de São Sebastião, através das redes sociais, pediu para que as pessoas tenham “empatia” e que não visitem a cidade com fins turísticos neste momento. “Vamos ter empatia! Vamos ter solidariedade! Não é o momento para os turistas visitarem São Sebastião”.
Ainda na publicação, a prefeitura compartilhou um vídeo mostrando turistas se divertindo e dançando na areia de uma das praias. Nas imagens, ainda é possível ver outras pessoas e barracas.
Vamos ter empatia! Vamos ter solidariedade!
Não é o momento para os turistas visitarem São Sebastião pic.twitter.com/HTAGo5Nyrh
— Prefeitura de São Sebastião (@prefsaoseba) February 23, 2023
A situação ocorre ao mesmo tempo que equipes reviram a lama e os escombros para encontrar vítimas soterradas.
Revoltados com a atitude de turistas, moradores da região escreveram “não é férias”, em forma de protesto, em um carro sujo de poeira.
“Foi uma tristeza de ver a reação das pessoas. No local onde eu trabalho, logo depois dos deslizamentos, várias pessoas chegaram na pousada vestidas com roupas de bloquinho de carnaval, outras fantasiadas. Quando comecei a relatar que eu estava sozinho, que só tinha eu, pois os outros funcionários não conseguiam chegar até a pousada, pois haviam perdido tudo, a maioria dos clientes ignorou. Falaram que não podiam fazer nada. Que tinham pagado pela estada no carnaval e que eu teria que os servir. Queriam tomar o café da manhã de qualquer jeito, ter a cerveja etc. Foi uma falta de empatia muito grande”, afirmou o recepcionista Gabriel Dias.
“Senti maldade mesmo das pessoas, como se a gente fosse escravo delas”, acrescentou.
Além dos clientes da pousada, o recepcionista observou a insensibilidade de alguns turistas nas filas dos mercados, onde disputavam carvão e bebidas alcoólicas para fazer churrascos. “Ouvi uma moça na fila falando que não estava nem aí, que queria mesmo era curtir o carnaval.”
O movimento nas praias só diminuiu a partir de quinta-feira (23), quando foi feito o registro compartilhado pela Prefeitura de São Sebastião, na região central da cidade.