“Um Cristo identificado com os excluídos”, afirma monge sobre a Mangueira

Atualizado em 25 de fevereiro de 2020 às 14:37
Mangueira traz Jesus Cristo jovem, negro e morador de favela – Gabriel Nascimento/Riotur/Fotos Públicas

Publicado no Brasil de Fato

Um grupo de religiosos e religiosas assessorou a escola carioca e estiveram presentes no desfile. Um deles é o monge beneditino Marcelo Barros, que conversou com o Brasil de Fato sobre o enredo e a experiência de estar na Avenida.

Brasil de Fato: A Mangueira levou o “Cristo dos Pobres” para o sambódromo, na sua opinião, qual a importância dessa mensagem no Brasil atual?

Marcelo Barros: No Brasil de hoje muitas Igrejas insistem em um Cristo do poder e da discriminação social, racial e religiosa. Por isso, foi importante que a Mangueira pudesse levar para a avenida um Cristo identificado com os sem-teto, os sem-terra e todos os excluídos e excluídas da sociedade. Esse foi o Jesus dos evangelhos.

Como você pode descrever sua experiência de assessorar a escola e desfilar na Avenida?

Entrei em um grupo de religiosos e religiosas de várias tradições espirituais e a experiência foi excelente de convívio, de colaboração e de trabalho em comum. Gostei muito dessa experiência. E foi muito gratificante sentir a gratidão de muita gente da própria escola que se sentiu apoiada e confirmada em sua opção de levar o Jesus da gente para a avenida.

 A Teologia da Libertação também esteve representada no desfile? 

Toda teologia cristã deveria ser da libertação porque Jesus se apresentou como libertador. Aceitei o desafio de, mesmo doente e com pouca mobilidade, ir para a avenida e dançar para dar esse testemunho. No nosso grupo de religiosos, eu, o pastor Edson Fernandes e a reverenda Lusmarina Campos éramos os representantes da Teologia da Libertação. Espero que esse gesto tenha uma boa repercussão e tenha alguma continuidade.