Um dia sem repressão nas ruas de Buenos Aires? Por Moisés Mendes

Atualizado em 9 de abril de 2025 às 11:52
Mulher segura bandeira da Argentina durante manifestação nas ruas de Buenos Aires – Foto: Reprodução

Buenos Aires enfrentará uma situação inédita nessa quarta-feira, quando se repete a caminhada dos aposentados até a Praça de Maio. É o que acontece toda quarta-feira, mas não como deve ocorrer hoje: sem policiais federais.

Andrés Gallardo, um juiz de primeira instância, determinou que o governo de Javier Milei não pode reprimir manifestantes, como vem fazendo. Porque a caminhada deve ter agentes de segurança, e não policiais repressores.

E que essa segurança deve ser assegurada pela prefeitura de Buenos Aires. O juiz ordenou: sem qualquer interferência de Patrícia Bullrich, a ministra de Segurança de Milei. A fascista já mandou dizer ao juiz que não vai obedecer a ordem.

Javier Milei, presidente da Argentina – Foto: Reprodução

É uma semana ruim para o governo, que vem da ressaca da decisão do Senado, na semana passada, de derrubar o decreto de Milei que havia indicado dois nomes, Ariel Lijo e Manuel García Mansilla, para a Suprema Corte, sem passar pelo Congresso.

Tem mais essa. A Câmara aprovou finalmente nessa segunda-feira a formação de uma comissão de inquérito para investigar o envolvimento de Milei e da irmã dele, Karina Milei, na pilantragem da criptomoeda $Libra, que logrou milhares de ‘investidores’.

Para completar, na quinta-feira haverá greve geral convocada pela poderosa CGT, a maior central sindical da Argentina, que promete parar o transporte em Buenos Aires e nas grandes cidades.

Não terminou. O kirchnerismo se reorganiza, em meio à crise do governo, que não consegue conter o dólar e começa a esgotar a conversa de que controlou a inflação.

As pesquisas mostram que a oposição pode derrotar Milei nas eleições parlamentares de outubro na província de Buenos Aires. O peronismo-kirchnerista pode até perder no interior, mas venceria na região decisiva para os humores da política argentina.

A única notícia boa foi para a capa dos jornais agora à noite: o FMI teria concordado em liberar mais um socorro, agora de US$ 20 bilhões, para que as reservas sejam repostas e o dólar contido.

Cristina Kirchner já antecipou o que vai acontecer: “Eles vão fumar esse dinheiro em poucos meses”.

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Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/