E então estamos aqui com um teste literário, para o qual vou utilizar uma lista de dez livros.

A jovens jornalistas recomendei, a vida inteira, que leiam, leiam e ainda leiam livros. Só escreve bem quem lê. Jamais encontrei um bom redator, nas várias redações pelas quais passei, que não tivesse uma bagagem expressiva de leituras.O conselho é válido, evidentemente, não apenas para jornalistas, mas para qualquer pessoa que queira enxergar o mundo sob novos ângulos.
Para mim, pessoalmente, o livro é o amigo perfeito: ajuda nos momentos difíceis, diverte na hora certa, inspira quando estou esvaziado e é fiel como pouca gente é. Sempre tenho um ou mais de um por perto. Numa espera num consultório, num banco de ônibus ou de avião, nunca me falta um livro.
Ao teste.
10) A Informação, de Martin Amis
Amis é um dos melhores escritores ingleses contemporâneos. A Informação mostra a convivência instável entre dois amigos de muitos anos. Na juventude, o amigo brilhante, atlético e sedutor dominava amplamente o outro, tosco e sem charme. Ambos se tornam escritores, e os papéis se invertem. O talentoso vê, com ódio cômico, inveja irrefreável e impotência patética, a escalada do amigo obtuso enquanto seus próprios livros encalhados e rejeitados. O melhor do humor inglês aparece neste livro de Amis. Amis é conhecido por gostar, particularmente, de um esporte. Qual?
a) Tênis
b) Críquete
c) Rugby
d) Pôquer
9) Memórias de um Gigolô, Marcos Rey
Um escritor subestimado por não ter ares de intelectual, Rey fez do centro de São Paulo, onde ambientou boa parte de sua obra, um lugar lírico, mágico e incrivelmente divertido. As cinzas de Marcos Rey foram espalhadas, de um helicóptero, por São Paulo. Em Memórias de um Gigolô, um triângulo formado por um cafetão, um aprendiz de cafetão e uma prostituta fazem você rir e chorar. Marcos Rey é um pseudônimo. O nome real do autor:
a) Marcos Paulo
b) Marcos Roberto Silveira Reis
c) Edmundo Donato
d) Edmundo Animal
8 ) Capitães da Areia, de Jorge Amado
Depois de Machado de Assis, Jorge Amado foi o maior romancista brasileiro, um escritor brilhante e versátil que só não ganhou o Nobel por escrever em português. E também porque em seu tempo a Academia Sueca não tinha o hábito de premiar romancistas de países exóticos. Capitães da Areia é da primeira fase de Jorge Amado, em que sua obra tem um forte teor social e não sexual, como aconteceria depois. Um dos livros da primeira etapa celebra um político brasileiro a cujo partido Jorge Amado pertencia. O nome desse líder:
a) Jânio Quadros, o Vassourinha, com cuja pregação anticorrupção Jorge Amado se identificava
b) Carlos Lacerda, o derrubador de presidentes da UDN, o partido de direita dos anos imediatamente anteriores à Revolução de 1964
c) Luís Carlos Prestes, comunista que, bem antes de Obama, era conhecido como o Cavaleiro da Esperança
d) Antônio Carlos Magalhães, o ACM, baiano da gema como Jorge Amado e modernizador da Salvador tão amada pelo romancista
7) A Guerra do Fim do Mundo, de Vargas Llosa
O peruano Vargas Llosa reconstruiu, na ficção, a Guerra de Canudos, imortalizada em Os sertões, de Euclides da Cunha. Um dos gênios da literatura latino-americana, Vargas Lhosa fez o que nenhum escritor brasileiro fez: ler Euclides e fazer da saga de Antônio Conselheiro, o líder de Canudos, uma leitura agradável. Vargas Llosa tem uma célebre rivalidade com outro escritor, e conta-se que teriam trocado tapas num cinema por causa de uma mulher. Esse escritor é:
a) o colombiano Gabriel Garcia Marquez, autor de Cem Anos de Solidão
b) o brasileiro Paulo Coelho, autor do seguinte tuíte, replicado centenas de vezes e que merecia ser lido dramaticamente como na série do Washington Post: “Não dê explicações. Seus amigos não precisam e seus inimigos não entenderão”
c) o americano Norman Mailer, que teve em Hemingway sua maior inspiração
d) o cubano Fabio Hernandez.
6) Coelho Corre, John Updike
Ninguém contou a vida da classe média americana no pós-Guerra como Updike. A tetralogia do Coelho, o apelido do personagem central, é uma pirâmide literária. O primeiro deles, Coelho Corre, mostra o começo do fim do apogeu do império americano. Início dos anos 60, os japoneses vão tomando o mercado americano com seus carrinhos pequenos, entre os quais o desconhecido Toyota. Os carrões, símbolo do poderio americano, vão sendo engolidos. Coelho namora e casa com a filha do dono de uma concessionária da Toyota. Updike recebeu o Nobel em:
a) 1959
b) 1969
c) 1979
d) Jamais, aparentemente por antiamericanismo dos jurados europeus e também por causa do alto teor sexual de sua obra
5) Por Quem os Sinos Dobram, de Ernest Hemingway
Hemingway, com sua barba branca e seu físico de pugilista, foi o grande símbolo do escritor aventureiro, um homem não apenas de letras mas de ação. Sua influência na literatura foi e é enorme: a prosa rápida, curta, quase que inteiramente despida de adjetivos mudou o curso dos romances americanos e, por efeito, mundiais Por quem os Sinos Dobram narra a vida de um americano na Guerra Civil da Espanha nos anos 30. Ao lado das bombas, há uma história de amor comovente entre o americano e uma jovem e ingênua espanhola. Como morreu Hemingway?
a) Deu um tiro na própria boca, para evitar o fracasso da tentativa de suicídio
b) Levou um tiro, pelas costas, do marido de uma mulher com quem tinha um caso
c) De enfarto
d) De tédio, pela decadência da literatura americana em seus anos finais de vida
4) O Espião Que Saiu do Frio, John Le Carré
A Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética proporcionou a Le Carré o ambiente perfeito para criar seus notáveis romances de espionagem. Em O Espião que Saiu do Frio, um agente britânico se infiltra no serviço secreto da Alemanha Oriental, dominada pelos russos, fazendo-se de bêbado, arruinado, canalha e venal. Le Carré é tão bom que sobreviveu como escritor ao fim da Guerra Fria. Na vida real, um agente britânico de primeiro nível trabalhou para a KGB e, descoberto, conseguiu fugir para Moscou, num caso sensacional. Para muitos, foi o maior espião da história. Seu nome:
a) Julius Rosenberg
b) Kim Philby
c) Ian Fleming
d) James Bond
3) O Cônsul Honorário, de Graham Greene
Greene, inglês, foi um dos maiores romancistas do século passado. Viajou muito, e vários de seus livros refletem a experiência dos países pelos quais passou. O Cônsul Honorário é ambientado numa ditadura latino-americana nos anos 70, e o nome deriva do erro cometido por um grupo terrorista que sequestra, em vez do embaixador inglês que era seu alvo, um cônsul honorário bêbado, que não vale nada. Greene, dono de uma autocrítica feroz, e cuja maior marca era a possibilidade de redenção mesmo de canalhas abjetos, considerava este seu melhor romance. Concordo.
A pergunta: em que ano Graham Greene ganhou o Nobel de Literatura?
a) 1951
b) 1961
c) 1971
d) Não ganhou, mesmo sendo favorito por anos seguidos. A razão, segundo alguns, é que ele teria tido um caso com a mulher de um dos jurados, que jamais o perdoou.
2) A Família Moskat, de Isaac Bashevis Singer
Para muitos o melhor romance de Singer, A Família Moskat cobre várias gerações de clã judeu na Polônia, terra natal deste formidável contador de histórias que escreveu boa parte de sua obra em folhetins em ídishe. A saga dos Moskats — repleta de sexo e pequenas trapaças, como é comum nos romances de Singer — é contada até o momento em que o nazismo está prestes a massacrar os judeus poloneses. Emigrado para os Estados Unidos, Singer manteve um vínculo inquebrável com sua Polônia natal. “Apesar de que os judeus poloneses foram mortos, ainda acredito que alguma coisa — chame isso de espírito ou o que seja — permanece em alguma parte do universo. É um sentimento místico, mas acredito nisso.” Singer ganhou o Nobel de Literatura em:
a) 1958
b) 1968
c) 1978
d) Não ganhou, porque se recusou a aceitar a proposta sexual da mulher de um jurado e ela, em represália, jamais deixou o marido aceitar a indicação de Singer
1) Grande Gatsby, de FS Fitzgerald
A busca obstinada e vã pelo amor perdido é o tema deste pequeno grande romance de Fizgerald. Gatsby se muda, quando fica rico de uma maneira obscura, para a vizinhança de Dayse, a mulher frívola e interesseira pela qual fora apaixonado. Dayse, casada com um bocó, estimula o avanço de Gatsby, encantada com a fortuna dele. Quando Gatsby cai, resta apenas a seu lado o narrador da história, Nick. A mulher de Fitzgerald, Zelda, tinha um problema de saúde que influenciou fortemente a obra do marido. Ela sofria de:
a) desequilíbrio mental
b) candidíase
c) síndrome de pânico
d) síndrome de Estolcomo
Respostas
10 a, 9c, 8c, 7a, 6d, 5a, 4b, 3d, 2c, 1a
Análise Crítica:
Se você não acertou nenhuma questão: comece já pela velha cartilha Caminho Suave
De um a quatro acertos: evite conversas literárias com amigos cultos e trate de frequentar mais as livrarias
De cinco a oito: os escritores teriam uma vida melhor se isso dependesse de caras como você
Nove e dez: alguma recomendação para mim, amigo?