Ele ainda está vivo, mas depois de suas palhaçadas políticas, decidimos homenagear o seu passado

O ícone em seu ápice

Clint Eastwood não morreu. Mas, aparentemente, esse tem sido o desejo de muita gente desde que o ator/diretor fez um ato na convenção Republicana, utilizando de seus dotes artísticos para conversar com uma cadeira vazia que representava Barack Obama. A cena já virou até motivo de piada na internet.

Foi uma cena lamentável. Mas não podemos deixar que essa palhaçada ofusque o que o velho Clint fez e representa  na carreira — não só para o cinema, mas para nós como homens, em geral.

Clint foi uma figura importantíssima no faroeste spaghetti, um dos gêneros mais cultuados do cinema. Foi a partir de sua parceria com o italiano Sergio Leone, na trilogia do Homem sem Nome, que o ator se tornou um ícone como o anti-herói do Velho Oeste. Clint personificou a figura amargurada e perigosa que marcou o olhar cínico e o contraponto do western tradicional, feito principalmente por John Ford.

No futuro, já atuando como diretor, faria sua contribuição com um dos maiores clássicos do gênero em Os Imperdoáveis. O filme, que acaba de completar 20 anos, foi indicado em nove categorias para o Oscar e catapultou sua carreira na direção. Clint tem uma grande performance neste clássico, trazendo uma versão atualizada de seus personagens marcantes dos anos 60 e 70; algo como uma visão deles na terceira idade, assombrados pelo seus passados e carregando o peso do mundo nas costas. Um absurdo Clint não ter ganho o Oscar de melhor ator, por mais que o vencedor tenha sido Al Pacino por Perfume de Mulher.

Seus filmes são de uma humanidade incrível, sem cair na facilidade de buscar heróis e vilões e, assim como fazia quando era ator, encontra a pessoa que existe por trás da mascara que o personagem veste, seja em clássicos como Sobre Meninos e Lobos e Menina de Ouro ou com o interessante olhar que trouxe em Cartas de Iwo Jima.

Clint é um ator minimalista, gostando de usar poucas palavras, que na maioria das vezes podem ser ditas apenas com o seu olhar e expressão. O mesmo método é usado quando trabalha como diretor, de uma forma bem afetuosa e simples – nunca grita ação e sempre pergunta aos atores se acham que tem algo a mais a trazer à cena. Caso contrario, parte para o próximo passo. Dizem ser raríssimo fazer mais do que três takes.

É o Clint Eastwood artista que devemos relembrar: por mais amargurado e indômito que tenha sido nos westerns spaghetti que fez,  cruel em determinados momentos como o policial em Dirty Harry, ou sensível em atuações recentes como em Menina de Ouro e Gran Torino, há sempre um tremendo humanismo, dignidade e caráter, uma busca desesperada por redenção. São lições que devemos tirar do velho herói, independentemente de um ou outro momento infeliz que possa ter protagonizado. Conhecendo o homem que é, não há duvidas de que irá se redimir. Mais uma vez.

Para homenagear o velho Clint, escolhemos 7 cenas clássicas dele:

Por um Punhado de Dólares  (1964)

Três Homens em Conflito (1966)

Dirty Harry: Perseguidor Implacável (1971)

O Estranho Sem Nome (1973)

Impacto Fulminante (1983)

Os Imperdoáveis (1992)

Gran Torino (2008)

Este texto foi publicado originalmente no site El Hombre

Diego Marques

Aos 24 anos, Diego é formado em Rádio & TV pela FAAP; fez um curso de televisão na National Film and Television School, em Londres; e estudou cinema na New York Film Academy.

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