
Um pilantra sob investigação como vigarista internacional, mas terrivelmente liberal. Um desastre como gestor do país, sob o ponto de vista de qualquer setor da economia argentina que não seja o especulativo e financeiro. Mas um sucesso para os analistas de economia brasileiros.
Celso Ming, do Estadão, e Carlos Alberto Sardenberg, do Globo, são dois dos maiores exaltadores dos êxitos de um fracassado, que pede socorro a Trump para conter a perda de apoio dos empresários e da mídia, a sangria de dólares e a desconfiança da maioria da população.
Os brasileiros fingem que Milei ainda é um sucesso. É um fracasso terrível para as facções bolsonaristas, que o enxergavam como trincheira política importante para a reorganização da extrema direita nacional.
Mas o desastre é mais devastador, diante da perspectiva de fim de governo nos próximos meses, para o nosso liberalismo. São os liberais os que mais sofrem.
Porque os liberais acreditavam que um extremista iria fazer por eles, na Argentina, o que achavam que deveria ter sido feito no Brasil por Paulo Guedes como preposto de Bolsonaro.
Os liberais do Brasil queriam Milei como modelo radical da implosão do Estado. Um fascista envolvido com vigarices, mas exacerbadamente liberal.
Um gângster que não conseguiu convencer os argentinos a trocarem os US$ 200 bilhões que têm em casa pelos pesos que ele oferece. Mas um gângster ultraliberal.

Milei já foi cinco vezes aos Estados Unidos em 2025. Desta vez, foi dizer, segundo os comentaristas e economistas liberais brasileiros, que seu plano é um sucesso. Mas que precisa de US$ 20 bilhões, porque sucessos custam caro.
Pode ganhar até US$ 40 bi, é o que Trump promete a Milei. Não só para proteger o plano e a economia, mas principalmente para oferecer uma rede aos especuladores que levaram a sério seu projeto libertário.
Trump está salvando a dinheirama dos americanos que ficarão dependurados no peso sobrevalorizado que ninguém leva a sério, porque será desvalorizado logo adiante. Só acreditam no peso de Milei os comentaristas liberais brasileiros.
Até Clarín e Nación, os jornalões argentinos, já antecipam o que virá depois de 26 de outubro, quando acontecem as eleições parlamentares. Se a chantagem do socorro não der certo e a extrema direita perder a eleição, Milei pode cair no início de 2026.
Trump deu o ultimato: votem nos candidatos de Milei para Câmara e Senado, ou os Estados Unidos não irão socorrer vocês. Pode funcionar, mas só em parte. Até agora, o aviso produziu efeito contrário. O dólar continua subindo, e as ações de empresas argentinas desabam em Nova York.
Milei é o mafioso criador de uma criptomoeda, a $Libra, como sócio de uma quadrilha internacional. Sua irmã, Karina, também é investigada por participação na gangue da moeda e por cobrar propina de fornecedores de remédios.
São muitas as provas da relação de líderes do mileinismo com o crime organizado e o tráfico de drogas, e os mais expostos são os deputados José Luis Espert e Lorena Villaverde.
Mas os analistas liberais brasileiros acham que Milei pode se salvar, porque a economia é amoral. É só levar adiante seu plano de desmonte do Estado, com estagnação, miséria, desemprego e destruição de programas sociais.
Mesmo que até a direita argentina já tenha percebido que Milei é muito mais um vigarista do que alguém ideologicamente fascista que poderia prestar bons serviços ao seu capitalismo precário. Milei é um criminoso.
Só a direita brasileira continua certa de que ele foi pedir socorro a Trump porque é um gênio. Tudo porque o liberalismo brasileiro frequenta sem dramas de consciência as mesmas rodas da grande delinquência.
Basta que esses delinquentes defendam e multipliquem seus interesses. Um dia, o PCC contará melhor essa história.