Uma live dentro da UTI. Por Moisés Mendes

Atualizado em 22 de maio de 2023 às 7:00
Deputada federal Carla Zambelli. (Foto: Reprodução)

Por que se interessam pelos problemas de saúde de alguém que não é da nossa convivência?

Pela curiosidade, pela tentativa de identificação com o doente e muitas vezes pela atração mórbida.

Mas essa curiosidade é ampliada quando se trata de pessoa pública. E mais ainda se tiver cargo público e mandato e notório envolvimento com questões de saúde pública, principalmente com fake news.

É por isso que há interesse na situação de saúde da deputada Carla Zambelli, que está internada com Covid em Brasília desde segunda-feira, no Hospital DF Star. As pessoas têm o direito de saber o que acontece com ela.

A deputada foi protagonista de alguns dos mais condenáveis momentos da pandemia, quando ajudou a espalhar notícias falsas e investiu na disseminação de confusão e mentira sobre a vacinação de crianças.

Carla Zambelli é uma figura exposta, que está na arena da política e do debate público. Querer saber o que acontece com ela não significa invasão de privacidade e de questões íntimas.

É uma líder negacionista da extrema direita, foi pregadora da cloroquina como remédio milagroso, induziu as pessoas ao erro e agora, enquanto reafirma que não tomou a vacina, foi parar numa UTI.

Políticos devem se submeter à transparência sobre seus atos e suas posições, inclusive no momento em que adoecem.

A internação de Carla Zambelli é real, é concreta, não é uma fake news. E tem peculiaridades.

A deputada produziu um fato inédito no fim de semana, ao transmitir uma live de dentro da UTI. Nunca antes algo semelhante havia acontecido.

Carla Zambelli e Jair Bolsonaro. (Foto: Reprodução)

Durante os 12 minutos da transmissão ao vivo, ela relatou seus muitos problemas de saúde e deixou dúvidas como essa: como alguém com uma lista de doenças, algumas crônicas, que só está viva pelos recursos da ciência, pode se voltar contra a vacina e contra a ciência?

Bolsonaro torceu para que a vacinação causasse mortes. Figuras que o seguem devem tornar públicas as informações básicas sobre a situação que enfrentam por não terem sido imunizadas, sob quaisquer argumentos e pretextos.

Só não é assim nas ditaduras ou em governos controlados por grupos fascistas, como aconteceu durante os quatro anos de Bolsonaro, quando quase tudo era escondido.

A população tem o direito de saber o que pessoas com mandato e com posições controversas têm a dizer e o que pretende esconder.

Originalmente publicado em Blog do Moisés Mendes

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