Uma mentira atrás da outra: o discurso de Michelle em evento do PL

Atualizado em 18 de agosto de 2025 às 20:04
Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, em evento do PL. Foto: Zack Stencil/PL

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), atual presidente do PL Mulher, voltou a protagonizar ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante evento do partido em Natal, no Rio Grande do Norte, no último sábado (16). Diante de lideranças como Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, Michelle lançou uma série de acusações sem apresentar provas e reforçou a promessa de que Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar e inelegível, retornará ao Palácio do Planalto em 2026.

No ataque, Michelle chamou Lula de “mentiroso”, “cachaceiro”, “pinguço” e “irresponsável”. Entre as acusações, disse que o petista teria cortado o Benefício de Prestação Continuada (BPC), retirando comida de idosos e pessoas com deficiência.

Na realidade, Lula sancionou uma lei que endureceu critérios para concessão do benefício com o objetivo de coibir fraudes, exigindo documentação mais detalhada e atualização no Cadastro Único para quem tem menos de 65 anos.

Michelle também mentiu ao afirmar que Lula teria interrompido o fornecimento de água no Nordeste. A ex-primeira-dama alegou ainda que se sente triste com a prisão domiciliar de Bolsonaro, determinada em 4 de agosto pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após descumprimento de medida cautelar. “A justiça vai ser feita”, declarou, ao prometer que o marido voltará à Presidência em 2026.

O discurso seguiu a mesma linha de ataques que Michelle havia feito recentemente no Pará. Em Natal, ela disse que votar mais de uma vez no PT é “burrice política” e descreveu a situação de Bolsonaro em casa como “dói na alma”, mas garantiu que ele está “igual siri na lata” e pronto para uma eventual candidatura.

A ex-primeira-dama também repetiu a narrativa de que o ex-presidente seria vítima de perseguição política. Bolsonaro é réu em processo por tentativa de golpe de Estado em 2022 e, se condenado, pode enfrentar pena de até 40 anos de prisão, além de ampliar sua inelegibilidade, hoje válida até 2030.

Michelle aproveitou o palanque para criticar a política externa do governo Lula e associá-la à crise diplomática com os Estados Unidos. A ex-primeira-dama responsabilizou o petista pelo tarifaço anunciado pelo governo de Donald Trump contra o Brasil.

Em tom irônico, disse: “Foi oferecer jabuticaba para o Trump, agora nós estamos colhendo abacaxis”. Segundo ela, as medidas seriam típicas de “países à beira de ditaduras”, e reflexo da suposta incapacidade diplomática de Lula.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.