Uma semana depois, o mau cheiro da denúncia em putrefação. Por Moisés Mendes

Atualizado em 30 de dezembro de 2025 às 7:59
Malu Gaspar e Alexandre de Moraes. Foto: reprodução

Se as redações dos jornalões ainda fossem presenciais, os colunistas lavajatistas do Globo teriam que passar todos os dias por cima do cadáver insepulto da denúncia contra Alexandre de Moraes. Já há evidências de que a denúncia pode estar sendo abandonada, para morrer sozinha no meio da redação.

O principal indício de que não há muito a fazer para salvar a acusação está na coluna dessa segunda-feira de Malu Gaspar. A jornalista apresenta um habeas corpus preventivo, como se estivesse atenuando o que publicou há uma semana.

Diz que Moraes fez lobby pelo Banco Master junto a Gabriel Galípolo, mas acrescenta um detalhe. Escreve que “em julho de 2025 ocorreu uma reunião em que o ministro do STF Alexandre de Moraes pediu a Galípolo pelo Master”.

E apresenta esse habeas: “Ao ser informado por Galípolo de que o BC havia descoberto as fraudes, Moraes recuou e disse que tudo precisava ser investigado”.

Moraes recuou lá em julho e Malu recua agora. Porque no dia 22, há exatamente uma semana, ela escreveu que o ministro havia procurado Galípolo “pelo menos quatro vezes para fazer pressão em favor do Banco Master”.

Mas Malu não recua quanto à informação de que a mulher de Moares, a advogada Viviane Barci de Moraes, tem contrato com o Master. Reafirma que tem. O que pode ser um aviso aos interessados de que ela pode apresentar provas da existência do contrato.

A colunista também mandou outro aviso, no dia 25, esse desprezado por todos os que analisam a ‘denúncia’, expondo Galípolo como informante em off de veículos da grande mídia.

Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central. Foto: reprodução

A jornalista pode estar dizendo que ela era uma das ouvintes do presidente do BC. É o que está insinuado em texto de 25 de dezembro, quando a colunista reapareceu nas páginas do Globo.

Malu escreveu que Galípolo “primeiro, negou em off a alguns veículos ter sido pressionado, mas admitiu que, nas conversas com Moraes, se falou sobre o caso Master”. E que Galípolo teria procurado os jornalistas para afirmar que não teria sido pressionado, “mas pediu que não publicassem ter dito isso”.

A jornalista cobra, nesse texto do dia 25: “Se não houve pressão, por que não dizer em público, alto e bom som?”. E agora, sem que Galípolo tenha dito em bom som, publica que Moraes “recuou e disse que tudo precisava ser investigado”.

Assim, a denúncia vai se esvaindo. É o pior momento de algo que se anuncia como reportagem investigativa, mas quando nada se confirma e outros denunciantes não aparecem para reafirmar o que foi noticiado.

Nem estrelas do colunismo, como Monica Bergamo, Eliane Cantanhêde, Elio Gaspari e Merval Pereira, que foram ágeis e prestativos, conseguiram ajudar Malu. Hoje, a denúncia ganha a forma de cadáver na redação do Globo.

É ruim para todo o jornalismo da grande imprensa, por causa do mau cheiro e da situação que se cria. Se não conseguir se recuperar, o Globo não poderá errar de novo.

Moraes é um troféu para qualquer fascista. Havia se transformado em cabeça premiada para o jornalismo lavajatista. Não deu certo e nunca dará, quando colunistas tentarem substituir repórteres.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/