Unicef: uma em cada cinco crianças no mundo vive com menos de US$ 3 por dia

Atualizado em 19 de novembro de 2025 às 22:08
Menino sem camisa, de bermuda verde, de costas, em pé, em comunidade
Imagem ilustrativa – Marcelo Casal/Agência Brasil

Um relatório global do Unicef divulgado nesta quarta-feira (19) mostra que uma em cada cinco crianças no mundo vive em situação de extrema pobreza, sobrevivendo com menos de US$ 3 por dia — cerca de R$ 16 na cotação atual. O documento atualiza as estimativas internacionais sobre privações severas e apresenta tendências observadas nos últimos anos. Com informações da Folha de S.Paulo.

Segundo o levantamento, o avanço registrado entre 2000 e 2023 desacelerou após a pandemia, quando o ritmo de redução desse tipo de pobreza deixou de crescer.

O estudo Situação das Crianças no Mundo 2025 indica que mais de 400 milhões de crianças enfrentam falta de acesso simultâneo a direitos essenciais, como água potável, nutrição adequada, moradia digna, educação, saneamento e saúde.

Liliana Chopitea, chefe de Políticas Sociais do Unicef no Brasil, afirma que esse conjunto de privações envolve limitações concretas, como crianças que passam fome diariamente ou que adoecem sem ter atendimento médico. Ela explica que a pobreza infantil inclui fatores estruturais que impactam diretamente o cotidiano e as condições básicas de vida.

Menina de costas, sentada, com camiseta com a frase "eu sou o futuro"
Imagem ilustrativa – Wilson Dias/Agência Brasil

Os dados mostram que mais de 75% das crianças em pobreza extrema estão concentradas na África Subsaariana, região que há décadas apresenta os maiores índices de privações multidimensionais. Em seguida aparecem o leste asiático e o Pacífico, áreas que registram populações infantis amplas e desigualdades marcadas por crises econômicas recentes.

O relatório também destaca que 22,3% das crianças de 0 a 4 anos vivem em extrema pobreza, faixa etária considerada crítica para o desenvolvimento físico e cognitivo, com impacto direto em nutrição e acesso à saúde.

Embora o documento divulgado nesta quarta-feira (19) não traga números específicos sobre o Brasil, levantamentos anteriores do próprio Unicef mostram redução no total de crianças e adolescentes pobres no país. Em 2017, havia 34,3 milhões de pessoas de 0 a 17 anos vivendo na pobreza.

Em 2023, esse número caiu para 28,8 milhões, equivalente a mais da metade da população brasileira nessa faixa etária. O Unicef aponta que esse recuo está associado a fatores como programas sociais, recuperação parcial da renda das famílias e expansão de políticas de assistência nos últimos anos.

O relatório global também indica que países de média renda enfrentam desafios adicionais, como dificuldades fiscais, crescimento econômico mais lento e pressões inflacionárias que afetam famílias com crianças pequenas.

Segundo o documento, esses fatores podem limitar a expansão de programas de transferência de renda e de serviços públicos. Para o Unicef, a combinação entre desaceleração econômica e aumento de desigualdades tende a manter milhões de crianças em condições de vulnerabilidade prolongada.

Jessica Alexandrino
Jessica Alexandrino é jornalista e trabalha no DCM desde 2022. Sempre gostou muito de escrever e decidiu que profissão queria seguir antes mesmo de ingressar no Ensino Médio. Tem passagens por outros portais de notícias e emissoras de TV, mas nas horas vagas gosta de viajar, assistir novelas e jogar tênis.