Usar a filha para ‘pegar’ o pai. Os métodos sombrios de Curitiba. Por Fernando Brito

Atualizado em 11 de setembro de 2019 às 8:24
Mais um capítulo da Vaza Jato no Intercept. Foto: Reprodução

Publicado originalmente no blog Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

Mais um dia, mais um trecho das mensagens obtidas pelo The Intercept, mais um comportamento abjeto dos procuradores da Força Tarefa da Lava Jato: desta vez, uma operação de busca e apreensão e de retenção de passaporte contra uma mulher para “colocar pressão” sobre seu pai, alvo de fato da operação.

Foi, segundo publica o The Intercept, o que se fez contra Nathalie Angerami Priante Schmidt Felippe, filha do acusado Raul Schmidt, cuja extradição a Justiça de Portugal negou aos procuradores da Lava Jato.

O mesmo pedido de medidas de força – negado, da primeira vez, por, nas palavras de Moro, “não há provas muito claras” e era “prematuro de pronto impor-lhe medida de restrição de locomoção pessoal” – foi aceito, ao ser reapresentado, sem alterações, quando o pai de Nathalie precisava novamente ser localizado.

Francamente, mais nenhuma surpresa quando à abjeção dos métodos empregados pelos procuradores e por Moro – a reportagem sugere que ele tinha consciência de que as medidas era uma manobra visando o pai.

Mas é inacreditável que, depois da enésima ação irregular dos procuradores, nenhuma medida tenha sido tomada e eles continuem, como se vê no noticiário, a manobrar com ações policiais para obter apoio político e midiático para seu grupo.

Passou da hora de ser dissolvido o bunker conspiratório e fazer com que os processos sejam conduzidos dentro da normalidade do MP, como todos os demais são. Este foi o erro essencial: no momento em que todos os casos, por razões políticas, foram colocados na mão de um grupo de procuradores comandado por um fundamentalista e na vara de um “iluminado”, nenhuma justiça se pode esperar de lá.