Usei o Fedex e agora mais do que nunca defendo os Correios como patrimônio público. Por Luís Felipe Miguel

Atualizado em 19 de agosto de 2020 às 12:11

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POR LUIS FELIPE MIGUEL

Aqui em casa, de vez em quando fazemos compras no exterior com envio pelos Correios, em geral livros e blu-rays. Com o isolamento, isso se tornou até um pouco mais frequente.

Não é nenhuma maravilha, mas funciona. Às vezes atrasa. Uma vez teve um extravio – com os caminhões dos Correios transportando cada vez mais pacotes e menos cartas, parece que se tornam alvo prioritário para assaltos. A segurança não foi reforçada à altura.

Uns dois meses atrás, decidimos comprar temperos metidos a besta numa loja francesa. Culpa também da quarentena: vontade de uma comida diferente.

A loja só trabalhava com Fedex. O frete ficava bem mais caro, umas três vezes o valor do uso do serviço postal regular, mas não tinha outra opção.

Depois de feita a compra, passamos a ser bombardeados por e-mails quase diários da Fedex, informando que a encomenda estava a caminho, quase chegando etc.

Chegou, de fato, no dia programado. Mas com um “extra” que nenhuma mensagem havia anunciado: uma cobrança adicional de mais de 700 reais (bem mais do que o valor dos produtos), a título de taxas diversas.

Não pagamos, claro, e ficamos sem os temperos (a loja depois nos ressarciu). Descobrimos que a Fedex paga ou diz que paga os impostos de importação e circulação mesmo quando a encomenda seria isenta (como era o caso). E em seguida acrescenta uma polpuda remuneração a si mesma, pelo serviço de “despachante”.

Apesar de todo o sucateamento, do financiamento insuficiente, dos ataques, da corrupção, os Correios continuam sendo a empresa que presta serviços essenciais a todo o Brasil, mesmo aos rincões afastados.

Também é seguro pensar que, sem os Correios, milhares de pequenas empresas brasileiras desapareceriam – porque os consumidores não conseguiriam arcar com os custos do frete das empresas privadas.

A greve dos trabalhadores dos Correios é também em defesa de um patrimônio do Brasil. Merece toda a solidariedade.