Vaga no STF: o cálculo de Alcolumbre e a sabotagem contra Lula e Messias

Atualizado em 17 de novembro de 2025 às 7:17
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o advogado-geral da União, Jorge Messias. Foto: Reprodução

Aliados do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), têm usado um mapeamento de votos para intensificar a pressão contra a indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF), conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.

Segundo esse levantamento, apresentado ao Palácio do Planalto, Messias teria hoje entre 28 e 31 votos certos no plenário do Senado — número considerado insuficiente e arriscado para a aprovação de seu nome.

O mapa elaborado por Alcolumbre e seus aliados combina conversas informais, sinais de bastidor e manifestações públicas de senadores que demonstram preferência pelo ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tratado como “o candidato da Casa”, ou seja, está em curso uma operação para sabotar a indicação do presidente Lula.

A aprovação apertada de Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República — apenas quatro votos acima do mínimo necessário — reforçou no governo a preocupação com o que tem sido chamado de “risco Messias”. O resultado de Gonet foi o mais apertado desde a redemocratização e ficou abaixo do esperado pelo relator Omar Aziz (PSD-AM).

O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Foto: Reprodução

Para aliados, mapeamento também é instrumento de pressão política

Mesmo no entorno de Alcolumbre, há quem veja a movimentação como uma forma de convencer Lula a desistir de Messias. “É uma forma de fazer barulho para convencer o Lula a não indicar Messias, mas, depois que ele for indicado, a coisa muda de figura”, disse um aliado do senador.

A fala remete ao histórico de Alcolumbre: criar dificuldades em um primeiro momento para depois “vender facilidades”, normalmente em troca da liberação de emendas, cargos e outros acordos políticos.

Messias aposta em apoio evangélico e em Mendonça para virar votos

Do lado do advogado-geral da União, a avaliação é de que os votos necessários existem. “Nas nossas avaliações internas, o Messias tem voto para ser aprovado. Não vai ser fácil, mas passa”, afirmou um aliado.

A estratégia inclui apoio de lideranças evangélicas no Congresso — Messias é da Igreja Batista — e também do ministro André Mendonça, que já enfrentou resistência direta de Alcolumbre em 2021, quando sua sabatina na CCJ foi adiada por quatro meses.

Mendonça tem dito a interlocutores que não quer que Messias enfrente o mesmo processo de desgaste que ele sofreu, quando Alcolumbre atuou para tentar emplacar Augusto Aras no STF.