Vai, malandra: as lives engajadas de Anitta são um antídoto contra o fascismo. Por Nathalí Macedo 

Atualizado em 19 de maio de 2020 às 21:41
Anitta. (Foto: Divulgação)

No quesito “consertar os erros do passado”, parece que Anitta tem seguido os passos de Felipe Neto.

A cantora – que durante as eleições foi pressionada a se posicionar pelo #EleNão, mas optou pelo silêncio – agora busca aprofundar sua visão política e entender melhor o impacto de seus posicionamentos (ou da falta deles).

Ela viralizou em uma live-aula sobre política com a youtuber e professora de direito Gabriela Prioli – a quem considera sua “madrinha”.

Anitta e Gabriela são amigas, e a ideia da live- aula foi da própria cantora, que foi massacrada nas redes sociais por fazer perguntas consideradas pelos cientistas políticos do Twitter “primárias” demais.

Anitta perguntou, por exemplo, se os Ministros de Bolsonaro são os mesmos ministros do STF – uma confusão razoável na análise de Gabriela, mas vergonhosa para o tribunal das redes sociais, onde dificilmente é admissível admitir a própria ignorância.

O que querem os críticos de Anitta, sobretudo à esquerda?

Ela tem dialogado com parlamentares, demandando esclarecimentos sobre matérias importantes que tramitam no Congresso Nacional. Manifestou-se em suas redes pedindo mobilização das pessoas contra a MP 910, conhecida como “MP da Grilagem”, com forte apoio da bancada ruralista (a medida anistiaria pessoas que invadiram terras públicas, principalmente na Amazônia), e, como se não bastasse, compartilha e constrói conhecimento político em lives com linguagem acessível.

Tá bom ou quer mais?

O fato é que, quer queiram os progressistas encrenqueiros, quer não, Anitta buscado cumprir, à sua maneira e dentro dos seus limites, seu papel de cidadã e artista.

Que mal há nisso? É preciso ser doutora em política para reivindicar participação social?

Talvez se ela – junto como Felipe Neto, também massacrado por uma enxurrada de críticas – se aglomerasse com o gado bolsonarista, os progressistas do contra deixariam-na em paz.

Mas, enquanto os juízes do conhecimento político esperneiam críticas nada construtivas, Anitta segue usando sua influência inquestionável para aprender e compartilhar política na internet, porque, como ela mesma disse em entrevista ao Jornal Extra, as críticas dos haters não têm o poder de abalar suas convicções: “Pode vir me cancelar, mas é só eu ‘reiniciar’ e está tudo certo”

Os cães ladram e a caravana passa.

Vai, malandra.