Vai ter autocrítica ou mea culpa de Cid Gomes pelos candidatos do PDT que apoiam Bolsonaro? Por Kiko Nogueira

Atualizado em 16 de outubro de 2018 às 17:52

O PT se tornou um case psicológico mundial no quesito autocrítica: milhares de pessoas e instituições que nunca a fizeram exigem que o partido e seus líderes a façam.

Cid Gomes é apenas o exemplo mais recente e mais oportunista.

Em encontro para o lançamento da campanha de Fernando Haddad no Ceará, o senador eleito, primeiro a discursar, cobrou um reconhecimento de culpa por parte do PT.

Vaiado, bateu boca com militantes”, afirmou que “é por isso que vocês vão perder” e repetiu que “Lula tá preso, babaca”.

O evento, no Marina Park Hotel, fazia parte das articulações de Camilo Santana, governador reeleito no Ceará, com o PDT. Havia prefeitos, deputados, vereadores, movimentos sociais. Virou uma zona.

“Eu conheço o Haddad, é uma boa pessoa”, disse Cid.

O PT “tem de pedir desculpas, tem de ter humildade e reconhecer que fizeram muita besteira. Vão perder feio porque fizeram muita besteira”.

“Quem criou o Bolsonaro foram essas figuras que acham que são donas da verdade, que acham que podem fazer tudo, que acham que os fins justificam os meios”.

Cid não foi corajoso, como seus seguidores alegam, mas covarde. Sabia o estrago que ia causar ao detonar os anfitriões e o efeito que teria.

Se fosse sincero, bastaria ter se negado a participar.

O PDT reforçou na segunda-feira, dia 15, que Ciro Gomes não estará em palanque com Haddad.

“Não vamos nos envolver na campanha. A partir de agora, vamos apostar na candidatura de Ciro para 2022″, afirmou o presidente da sigla, Carlos Lupi.

Se o Brasil mergulhar num caos autoritário e não houver pleito em quatro anos, os manos farão autocrítica?

Ciro não obteve votos sequer para ir ao segundo turno. Estacionou em 12%.

De repente surge um movimento maluco “exigindo” que Haddad, que obteve o dobro, renuncie em favor dele.

A tal luta contra o fascismo de que o PDT se orgulha desembocou no apoio a Jair Bolsonaro por parte de seus candidatos em quatro estados: Amazonas, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.

“Lamentamos a ausência de Ciro Gomes no segundo turno. Não podemos errar de novo e votar no PT. Por isso tudo e para que Rio Grande do Norte não fique fora do novo Brasil, que sairá vencedor das urnas, Bolsonaro presidente”, declarou Carlos Eduardo, do RN, no programa eleitoral de televisão (assista abaixo).

Pedro Fernandes, no RJ, acompanhou Wilson Witzel, do PSC, num corpo a corpo e destacou que suas propostas e as do homem de Bolsonaro “são muito similares”.

Vai ter autocrítica de Ciro e Cid?

Claro que não.

Melhor apontar o dedo para o PT e responsabilizá-lo pelas mazelas nacionais, incluindo o sertanejo universitário, o jiló, a leishmaniose e o Paulo Coelho.

Quem está apostando num governo democrático de Bolsonaro é a turma de Ciro e Cid, de olho no que restar do país em 2022.

Mas os babacas são os outros.

Então tá.