PUBLICADO ORIGINALMENTE NO TIJOLAÇO
O tom adotado pelo ministro Alexandre de Morais em relação ao inquérito mandado abrir pelo presidente do STF, Dias Toffoli, não poderia ser mais explícito: “podem espernear à vontade, podem criticar à vontade” referindo-se às críticas do Ministério Público, em especial as da “Força Tarefa” da Lava Jato.
Formou-se uma maioria no Supremo que – pequena dissensão aqui ou ali – está determinada a impedir que a corte acabe de ser soterrada pela insurreição policialesca do MP, talvez porque percebam que houve um enfraquecimento do poder que dispunham nos tempos em que um juiz incontestável lhes cobria as ações e um refluxo na histeria com que os objetivos eleitorais da operação fazia o arbítrio ser aceito.
Mas é, também, uma indisfarçável reação à turma do “vamos quebrar tudo” que se formou no Senado, para onde foram levados os detritos daquele estado de coisas que presidiu a eleição, onde o Planalto, afinal, foi também deixado num estado de imundície e transtorno.
É o caso desta CPI “Lava Toga”, uma agitação de natureza nitidamente “coxinha”, embora sustentada pela insensatez e submissão do comportamento do Supremo nos últimos anos. É preciso explicar que Gilmar Mendes está sendo atacado não pelo seu mar de vícios e incongruências, mas por sua disposição em reagir à imposição que se faz aos ministros de que votem de acordo com a Avenida Paulista?
Até porque não se pode dizer o mesmo de Ricardo Lewandovski, igualmente agredido, e até de Celso de Mello que, ainda que com menos frequência.
Instituições como o Supremo, embora na sua medíocre atual composição, são pesadas e demoram a se mover. Mas dificilmente porão pela segunda vez os pés na areia movediça de transferir a sua autoridade, como fez diante da Lava Jato.
A fala de Moraes, a resistência do presidente do Senado e a própria reação da OAB, dizendo que que milícias organizadas têm atuado na internet com o objetivo de atacar as instituições do país mostram que se sentem firmes para enfrentar o desafio.
Que está posto meses a frente, em setembro, precisamente: evitar que a turma da Lava Jato, agora com o chefe de Ministro da Justiça, tome o controle da Procuradoria Geral da República.
Portanto, o tiroteio visa mexer com quem tomará esta decisão: Jair Bolsonaro.
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