Vamos cruzar os braços por mais sete meses? Por Helena Chagas

Atualizado em 23 de maio de 2022 às 17:38
(Foto: Instagram/Projetemos)

Há três anos e meio assistimos ao desmantelamento de instituições e políticas de governo: a extinção do arcabouço de programas sociais; o  crescente armamento da população; a venda da Eletrobras em meio a jabutis que estimulam matrizes de energia suja e poluente; a compra do apoio do Centrão por um orçamento secreto que distribui verbas públicas sem critério…

Nas últimas semanas, o índice de abusos e desmandos gerados pelo presidente da República por metro cúbico de ar subiu exponencialmente. Estamos sufocando com tantos, e tão graves, absurdos despejados na atmosfera brasileira.

Só de sexta-feira para cá, tivemos Jair Bolsonaro posando de capacho para o homem mais rico do mundo e entregando de bandeja para Elon Musk o mapa da Amazônia. Ficamos sabendo também que recursos das emendas RP9, as de relator, foram usados para a compra de caminhões de lixo com preços inflados para pequenas cidades, redutos de aliados como o ministro chefe da Casa Civil Ciro Nogueira.

Verbas do orçamento destinadas a amparar a população mais pobre contra os impactos da Covid-19, por sua vez, foram desviadas pelo Ministério da Cidadania para  a compra de tratores para esses mesmos redutos, sem qualquer critério de população, renda ou atividade econômica. Não por acaso,  o maior beneficiário é a Bahia, estado do ministro que assinou a operação, João Roma – agora ex porque é candidato a governador.

É tão grande a desídia para com os mais necessitados, e tão graves os malfeitos desse governo destinados a levar dinheiro aos amigos, que a soma das irregularidades e crimes cometidos, se examinada seriamente pela Justiça, renderia a seus autores – inclusive o presidente da República – anos de cadeia.

E não estamos falando ainda nem dos quatro inquéritos que correm no STF contra Bolsonaro e nem de seus filhos. Nos últimos tempos, ficamos sabendo que o 04, investigado por tráfico de influência, está seguindo direitinho o exemplo dos irmãos, trabalhando num escritório novinho em folha, com decoração e reforma financiados por empresários.

Num país onde uma presidente da República contra quem nada foi encontrado acabou derrubada por “pedaladas fiscais”, o que pensar da complacência geral com os crimes – comuns e de responsabilidade –  do atual governo e seus aliados? Não vai sobrar pedra sobre pedra, mas parece que vamos assistir a tudo de braços cruzados.

Bolsonaro não legará ao país apenas uma herança troglodita na área de comportamento e costumes, e um legado golpista no campo das instituições da democracia. Deixará ações criminosas na gestão governamental em seu rastro. Pior, ainda tem sete meses pela frente para continuar a praticá-las.

Publicado originalmente no site Jornalistas pela Democracia

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