“Vamos viver um junho vermelho”: por que o MTST está parando São Paulo

Atualizado em 31 de outubro de 2014 às 11:27

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“Se não atenderem nossos direitos, vamos parar a Copa do Mundo”.

Essa foi a declaração de Guilherme Boulos, coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) no alto do carro de som estacionado no topo da Ponte Estaiada. Era o final do ato ocorrido nesta quinta-feira (22) tendo percorrido desde o Largo da Batata as avenidas Faria Lima, Cidade Jardim e marginal Pinheiros.

Após vários quilômetros de caminhada sob chuva forte em alguns momentos, mais de 20 mil pessoas ouviram que São Paulo pode viver um “junho vermelho” caso não sejam atendidos os pedidos de investimentos na construção de moradias.

“A Fifa já teve sua fatia nesse bolo, as construtoras já tiveram sua fatia, agora o trabalhador também quer a sua”, disse Boulos.

A referência principal era a ocupação Copa do Povo, localizada nas proximidades do Itaquerão, cuja audiência sobre reintegração está marcada para hoje.

Um primeiro pedido de reintegração de posse foi cassado e se houver um novo o grupo de sem teto garante resistir.

Há alguns dias, na visita de Dilma Roussef ao estádio de abertura do evento, Boulos e outros líderes de movimento sem teto e sem terra foram recebidos pela presidente e expuseram suas reivindicações.

“A reunião foi bastante positiva. Ela se comprometeu a estudar a possibilidade de desapropriação do terreno da ocupação Copa do Povo”, afirmou Josué Rocha, um dos representantes do MTST, logo após o encontro, que foi fechado para a imprensa.

O MTST já demonstrou que não dará trégua. Já invadiu as sedes das principais construtoras responsáveis por obras nos estádios da Copa, já cercou o Itaquerão com pneus em chamas, protagonizou protestos simultâneos em vários pontos da cidade.

Numa entrevista ao El Pais, uma das porta-vozes, Jussara Basso, avisou: “Estamos participando da Copa sem povo, tô na rua de novo, uma campanha que ocorre dentro da Frente de Resistência Urbana, que abrange vários movimentos que têm como objetivo sair às ruas para demonstrar nossas insatisfações em relação aos gastos abusivos com o evento, com o despejo de famílias e o preço exorbitante dos aluguéis”.

Ainda no ano passado, alertei a respeito do descontentamento e articulação do movimento, que prometia ações cada vez maiores e mais intensas. Desde então estamos vendo o cumprimento dessas promessas, comprovando que não se trata de ameaças vagas. “Sairemos às ruas quantas vezes for necessário”, diz Jussara.