Veleiro fura bloqueio e chega às águas palestinas, enquanto flotilha é interceptada por Israel

Atualizado em 2 de outubro de 2025 às 12:29
O capitão do navio Mikeno, o primeiro da flotilha a romper o cerco de Gaza

Israel afirmou ter interceptado a maior parte da flotilha Global Sumud, composta por cerca de 40 embarcações civis que levavam ajuda humanitária para Gaza. A ação incluiu a prisão de centenas de ativistas — entre eles a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila —, que foram levados para o porto de Ashdod.

Mas, em meio à operação, um episódio histórico chamou atenção: o veleiro Mikeno conseguiu escapar do cerco da marinha israelense e avançar até as águas territoriais palestinas, próximo à costa de Gaza.

O contato com a embarcação foi perdido logo após o anúncio, mas militantes afirmam que foi a primeira vez, desde a imposição do bloqueio naval em 2009, que uma missão humanitária conseguiu furar o bloqueio e alcançar tão perto do enclave sitiado.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel declarou, em comunicado, que das embarcações que compõem a iniciativa humanitária, nenhuma teria conseguido “entrar em uma zona de combate ativo ou romper o bloqueio naval”. No entanto, reconheceu que uma delas — o veleiro Mikeno — não foi abordada pelas forças navais de elite e “permanecia à distância”.

A flotilha, que partiu com mais de 500 ativistas, parlamentares e juristas, tinha como objetivo desafiar o bloqueio israelense, condenado pela ONU por violar o direito internacional.

Vídeos transmitidos ao vivo antes da interceptação mostravam ativistas declarando que estavam em uma missão pacífica e que estavam sendo levados contra a própria vontade para Israel.

O navio Mikeno

Protestos espontâneos contra a operação naval israelense já ocorreram em Roma, Bruxelas, Atenas, Buenos Aires e Berlim, enquanto o governo espanhol classificou a ação como “crime contra o direito internacional” e exigiu a libertação imediata dos detidos.

O caso revive a memória do ataque ao navio Mavi Marmara, em 2010, quando dez ativistas turcos foram mortos por comandos israelenses em uma missão semelhante.

Com o feito do Mikeno, a flotilha Global Sumud entra para a história como a primeira a romper simbolicamente o bloqueio, reacendendo a pressão internacional para que Israel permita a entrada de ajuda humanitária em Gaza, onde mais de 66 mil palestinos já foram mortos desde 2023.