Velho hippie triste.
É assim que Robert Plant se define num documentário que vejo sobre ele na BBC 4.
Por isso os cabelos ainda longos, diz ele. E o espírito de quem, para usar as próprias palavras dele, acha que a vida vai além do patrimônio.
Mas ele é mais que um velho hippie triste.
Robert Plant é um deus do rock.
Me comovo ao revê-lo. Não tiro os olhos da tevê. Pareço o adolescente dos anos 70 que fui há tantos anos, e estou diante de um ídolo como a gente só tem na era da inocência.
Ninguém no rock cantou como ele. Alcançava agudos inacreditáveis sem parecer ridículo e, muito menos, mulher. Transformou o ato de cantar num ritual musical e ao mesmo tempo sexual, assim como Jimmy Page definiu o guitarrista heróico que todo homem sonha ser e para o qual toda mulher anseia por se entregar. Nenhuma banda fez rock pesado como o Led Zepellin, do qual ele foi o grande frontman. Com Jimmy Page, o maior guitarrista de rock, ele formou uma dupla que só encontra paralelo em Lennon e McCartney.
Mick Jagger parece um anão diante de Plant.
Clapton parece um guitarrista de churrascaria diante de Jimmy Page.
Os Beatles representaram os anos 60. O Led, com suas performances virtuosas, barulhentas, quase eróticas, encarnou os anos 70. Com o Led o rock simplesmente acabou. Nunca mais ninguém fez nada remotamente parecido.
Se você acha que Sinatra é a voz, devia escutar Robert Plant.
Está velho Plant. Encarquilhado. Com uma cabeleira desgrenhada que duvido que seja natural. Tentou muita coisa depois do Led, mas nunca mais acertou a mão. Não faz mal. Seu papel de frontman no Led garante a ele a eternidade iluminada do deus do rock que é e sempre será.