Venda de Malcom expõe enrolação da diretoria do Corinthians sobre o desmanche

Atualizado em 31 de janeiro de 2016 às 12:19
Deixou o Corinthians para um time secundário da França
Deixou o Corinthians para um time secundário da França

Era tudo enrolação. A desculpa de que os jogadores do Corinthians tinham multas rescisórias baixas por exigência de “parceiros” caiu por terra com a saída iminente do atacante Malcom para o Bordeaux da França.

Nos primeiros dias de 2016, quando casos isolados de saída se tornaram uma debandada, a diretoria corintiana se apressou em dizer que o clube se viu forçado a aceitar contratos com multas rescisórias baixas. O alegado foi que, devido à crise econômica, o Corinthians não podia comprar alguns jogadores por completo. Renato Augusto, por exemplo, teve seus direitos divididos entre Corinthians e Bayer Leverkusen. Em contrapartida, o Bayer, interessado na venda futura, teria imposto que a multa rescisória não tivesse exageros.

Nunca foi explicado como o Jadson, que chegou ao Corinthians de graça, tinha a multa tão barata – e os direitos tão fragmentados. Nunca foi explicado como o Half, que havia acabado de renovar contrato, tinha multa de 1 milhão de dólares.

Agora, um novo episódio na deprimente debandada corintiana vem tomando forma: Malcom vai ao Bordeaux. Seu empresário já confirmou a venda e o jogador já escreveu em tom de despedida em suas redes sociais. Para o Corinthians, ficam pouco mais de R$ 3 milhões.

Malcom, todos sabem, é jogador da base do Corinthians. Não foi comprado de ninguém. Não tem Bayer, não tem Ituano, não tem Bragantino, não tem nada. Só Corinthians. E no entanto, o Corinthians tem apenas 30% de seus direitos econômicos.

Só existem duas alternativas: uma é que a turma que administra a base seja profundamente incompetente; a outra é que há interesses individuais na história.

Se o Corinthians tem interesse na permanência de jogadores, pessoas envolvidas com os negócios têm interesse na venda – e isso pode até ser justo. O difícil de entender é como essas pessoas aparecem no meio da história. O Corinthians podia precisar do Bayer para ser sócio de um jogador de passe milionário, mas certamente não precisava do empresário Fernando Garcia para ser sócio de um jogador de sua própria base.

Garcia é o maior sócio no “passe” de Malcom. Tem 40%. Como? Comprou por R$ 2,5 milhões, segundo afirmou recentemente em entrevista. Mas ele comprou de quem? Quem permitiu que ele sentasse na mesa dos elegíveis para esta compra? O Corinthians não tinha R$ 2,5 milhões? O Corinthians não tinha preferência nesta compra? Ou tinha e deixou passar? E se deixou passar, foi por incompetência ou por que alguém se beneficiou disso?

Nós provavelmente nunca teremos certeza dessas respostas, e nem vem ao caso tê-las. É um barco que já partiu. O importante seria que os próximos barcos fossem tratados de outra forma – mas as novas contratações de 2016 têm tido os mesmos ingredientes.