
O governo da Venezuela solicitou nesta quinta-feira (9) uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU diante do que classificou como uma “grave escalada militar” dos Estados Unidos no Caribe. Em comunicado oficial, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que a movimentação de tropas e equipamentos norte-americanos próximos ao território venezuelano representa “uma ameaça direta à paz na América Latina e no Caribe”.
Segundo a nota, os EUA enviaram contratorpedeiros equipados com mísseis, aviões de combate, tropas de elite e até um submarino nuclear para áreas próximas à costa venezuelana. Caracas alega que essa mobilização é uma violação da soberania do país e um risco à estabilidade regional. “As ações das últimas semanas colocam em perigo a zona de paz da América Latina”, diz o texto.
O pedido de reunião na ONU ocorre após o presidente norte-americano Donald Trump afirmar, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em 23 de setembro, que as operações militares dos EUA visam combater o tráfico de drogas supostamente vinculado ao governo de Nicolás Maduro. Caracas nega as acusações e sustenta que Washington utiliza esse argumento como pretexto para tentar uma mudança de regime e controlar as reservas de petróleo venezuelanas.
Nos últimos dias, a Marinha norte-americana intensificou suas operações no Caribe, resultando na destruição de quatro embarcações de supostos traficantes e na morte de 21 pessoas. O governo venezuelano classificou as ações como “execuções extrajudiciais em alto-mar” e afirmou que as operações equivalem a aplicar “pena de morte sem julgamento”.

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, fez um pronunciamento na quarta-feira (8) pedindo à população que se mantenha em alerta. “Não quero causar alarme, mas é necessário que nos preparemos. A irracionalidade com que o imperialismo americano age não é normal”, declarou durante uma reunião com militares na região de La Guaira.
Como parte da resposta, o governo de Nicolás Maduro iniciou uma operação de defesa nacional e enviou tropas para os estados de La Guaira e Carabobo. Segundo o ministro, o país está pronto para “defender sua integridade territorial diante de qualquer agressão estrangeira”.
As relações entre Caracas e Washington voltaram a se deteriorar desde o retorno de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro. Desde então, os dois países têm trocado acusações de espionagem, tráfico de drogas e violação de fronteiras marítimas. O governo venezuelano sustenta que a atual tensão é “fabricada” para justificar uma intervenção militar e desestabilizar o país.
Maduro também reiterou nesta quinta-feira que não permitirá que “o império norte-americano volte a impor sua vontade sobre o povo venezuelano”. Ele acusou Trump de promover uma campanha de desinformação internacional e pediu apoio dos países latino-americanos para “defender a paz e a soberania da região”.