
A Justiça venezuelana atendeu a um pedido do Ministério Público (MP) e emitiu um mandado de prisão contra o opositor Edmundo González, que concorreu à presidência na eleição de julho. A ordem de prisão, divulgada nesta segunda-feira (2), acusa o político de crimes como usurpação de funções da autoridade eleitoral, falsificação de documentos oficiais, incitação de atividades ilegais, sabotagem de sistemas e associação criminosa.
Investigação e Mandado de Prisão
Edmundo González está sendo investigado por ignorar três intimações do MP, que é controlado pelo governo de Nicolás Maduro e seus aliados chavistas. O procurador-geral Tarek Saab afirmou que o acusado foi convocado para prestar depoimento sobre a divulgação de atas impressas das urnas eleitorais em um site opositor.
Com o não comparecimento de González, a Justiça decidiu pela emissão do mandado de prisão, determinando que ele seja apresentado ao MP imediatamente após sua detenção.
Reações e Contexto Internacional
A oposição venezuelana, liderada por María Corina Machado, argumenta que as atas divulgadas no site comprovam a vitória de González na eleição de 28 de julho, apesar de o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao governo, ter declarado Nicolás Maduro como vencedor.
Machado criticou o mandado de prisão, acusando o governo de Maduro de “perder contato com a realidade” e afirmou que a ação apenas fortalece a determinação do movimento oposicionista.

Os documentos divulgados pela oposição foram considerados seguros pela ONU, enquanto o governo Maduro alega que são falsos, sem, no entanto, apresentar as atas que considera legítimas, mesmo diante de pedidos de países como Brasil e Estados Unidos.
Tensão e Protestos
A emissão do mandado de prisão ocorre em um contexto de crescente tensão política na Venezuela. No mesmo dia, os Estados Unidos apreenderam um avião do governo Maduro na República Dominicana, e a Argentina rejeitou o mandado de prisão contra González, alertando sobre uma “onda de radicalização” do regime chavista.
Após o resultado das eleições, que declarou Maduro reeleito, milhares de venezuelanos protestaram nas ruas. Tarek Saab, procurador-geral, acusou María Corina Machado e outros membros da oposição de planejar protestos que resultaram em mais de 20 mortes no país. Ele afirma que o país enfrenta uma “guerra híbrida” e que há uma tentativa de golpe de Estado apoiada pelos Estados Unidos desde 2017.