
Nicolás Maduro reapareceu em público neste domingo (30) depois de quatro dias sem qualquer aparição oficial, encerrando uma onda de especulações sobre uma possível fuga do país. O presidente da Venezuela participou de um evento anual de premiação de cafés especiais em Miranda, na região metropolitana de Caracas. O sumiço havia alimentado rumores intensos, especialmente diante da escalada de tensão militar com os Estados Unidos.Com informações da CNN Brasil.
Maduro costuma aparecer com frequência na televisão estatal, o que tornou incomum o intervalo de dias sem pronunciamentos ou eventos públicos. A última vez que havia sido visto foi na quarta-feira (26), em um vídeo divulgado em seu canal no Telegram, mostrando-o dirigindo por Caracas. A ausência subsequente, combinada com a mobilização militar americana no Caribe, levantou dúvidas sobre seu paradeiro.
No evento deste domingo, transmitido ao vivo, Maduro entregou medalhas a produtores e degustou diferentes cafés. Durante a cerimônia, evitou mencionar diretamente a crise com os EUA, mas afirmou que a Venezuela é “indestrutível, intocável, imbatível”, frase interpretada como resposta indireta à pressão internacional. O encontro aconteceu diante de uma plateia de produtores rurais.
A aparição ocorre em meio ao envio de mais de uma dúzia de navios de guerra e cerca de 15 mil militares americanos para a região. Washington afirma combater o narcotráfico, enquanto Caracas acredita que se trata de um movimento para forçar a saída de Maduro. Para o governo venezuelano, os bombardeios recentes no Caribe seriam parte dessa estratégia.
Pouco antes do evento, o presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou ter conversado por telefone com Maduro. Questionado por jornalistas, a bordo do Air Force One, respondeu: “A resposta é sim”, sem dar detalhes. A ligação, no entanto, não foi comentada pelo governo venezuelano, que evitou tratar do assunto publicamente.]

Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, também se recusou a comentar a conversa entre Trump e Maduro. Em coletiva neste domingo, ele afirmou que a pauta da entrevista era o anúncio de uma investigação sobre os ataques marítimos dos EUA no Caribe, mantendo a postura reservada do governo sobre a comunicação direta entre os dois presidentes.
A ausência de Maduro ao longo da semana coincidiu com relatórios de movimentações aéreas dos EUA próximos à costa venezuelana. Esses eventos alimentaram teorias de que o presidente teria deixado o país, especialmente diante das pressões internacionais e da situação econômica interna. A reaparição buscou demonstrar normalidade e reforçar a imagem de controle do governo.
O retorno público do líder chavista, no entanto, não dissipou totalmente o clima de incerteza. A crise entre Caracas e Washington permanece sem sinais de arrefecimento, e nem Maduro nem Trump divulgaram informações sobre o teor do telefonema. A próxima semana deve indicar se a tensão militar avança ou se haverá algum movimento diplomático entre os dois países.