Venezuela se prepara para “agressão generalizada” dos EUA, diz Maduro

Atualizado em 15 de setembro de 2025 às 16:52
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. Foto: reprodução

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, voltou a acusar os Estados Unidos de preparar uma “agressão de caráter militar” contra seu país. Em pronunciamento nesta segunda-feira (15), ele afirmou que Caracas tem respaldo das “leis internacionais” para reagir diante do que classificou como uma ofensiva em curso, que mistura pressões diplomáticas, políticas e militares.

Nas últimas semanas, o governo estadunidense posicionou oito navios em águas do Caribe sul em uma operação antidrogas. Washington acusa Maduro de vínculos com o narcotráfico e oferece uma recompensa de 50 milhões de dólares (cerca de R$ 273 milhões) por sua captura.

O presidente venezuelano disse que a movimentação faz parte de um esforço de intimidação e lembrou o episódio em que um barco de seu país foi atacado por militares estadunidenses no início de setembro, resultando em onze mortos.

“Há uma agressão em andamento, de caráter militar, e a Venezuela está autorizada pelas leis internacionais a enfrentá-la. Isso não é tensão. É uma agressão generalizada, é uma agressão policial, uma agressão política, uma agressão diplomática e uma agressão contínua de caráter militar”, declarou Maduro em seu discurso.

Segundo ele, a relação com Washington entrou em ruptura definitiva. “As comunicações com o governo dos EUA estão rompidas, estão rompidas por eles com suas ameaças de bombas, morte e chantagem”, afirmou, citando diretamente o secretário de Estado Marco Rubio como “senhor da morte e da guerra”.

Barco da Guarda Costeira da Venezuela monitora costa de Puerto Cabello diante das tensões com a aproximação de navios militares dos EUA. Foto: Juan Carlos Hernandez/Reuters

Rubio, por sua vez, intensificou a pressão contra Caracas na semana passada ao classificar Maduro como “fugitivo da justiça estadunidense”, em referência à recompensa pela sua prisão. Nesta segunda, em entrevista à Fox News, ele voltou a dizer que o venezuelano “representa uma ameaça direta à segurança nacional” dos Estados Unidos por suposta participação no tráfico de drogas.

Em resposta, Maduro ordenou o envio de pelo menos 25 mil soldados para estados fronteiriços com a Colômbia e para o Caribe, além de convocar civis para integrarem a Milícia Bolivariana, grupo militar composto por voluntários.

O objetivo é reforçar as tropas em caso de uma eventual invasão. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, também denunciou que os EUA triplicaram, em agosto, as missões de aviões de reconhecimento sobre o território venezuelano.

No fim de semana, o governo de Caracas relatou que militares estadunidenses, a bordo de um contratorpedeiro da Marinha, retiveram por oito horas um barco de pesca de atum em águas do Caribe venezuelano.

O episódio aumentou a tensão diplomática em um momento em que a oposição acusa Maduro de utilizar o discurso de ameaça externa como forma de mobilizar apoio interno diante das dificuldades econômicas e sociais do país.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.