
Na sexta-feira (6), forças de segurança da Venezuela cercaram a Embaixada da Argentina em Caracas, que desde 5 de agosto está sob custódia do Brasil após a expulsão dos diplomatas argentinos pelo regime chavista. O cerco, que começou à noite, foi denunciado por Pedro Urruchurtu Noselli, coordenador de campanha da líder opositora María Corina Machado, afirmando que homens encapuzados patrulhavam a área. Seis pessoas ligadas à oposição estão asiladas na embaixada.
A tensão diplomática aumentou desde as eleições presidenciais de julho, marcadas por alegações de fraude que garantiram um novo mandato ao presidente Nicolás Maduro. Noselli, asilado na embaixada desde março, publicou vídeos nas redes sociais mostrando veículos das forças de segurança patrulhando o local. Segundo ele, o cerco foi acompanhado pelo corte de energia no prédio e o bloqueio do trânsito nas proximidades.
Outra refugiada na missão diplomática, Magalli Meda, também relatou nas redes sociais o corte de eletricidade e o fechamento dos acessos ao edifício. A situação tem gerado preocupações tanto na Argentina quanto no Brasil. O governo brasileiro, sob a gestão de Lula, declarou que continuará responsável pela embaixada até que a Argentina designe outro país para assumir a custódia.

A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, criticou a ação das forças venezuelanas, denunciando o cerco como uma tentativa de violar normas internacionais. Ela afirmou que o Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) estaria se preparando para invadir a embaixada, incitando a comunidade internacional e os venezuelanos a resistirem ao que chamou de “brutalidade do regime ditatorial de Maduro”.
Desde as eleições de 28 de julho, mais de 2,4 mil pessoas foram presas, e a repressão à oposição se intensificou. Recentemente, a Justiça venezuelana emitiu uma ordem de prisão contra Edmundo González, candidato opositor, após ele não comparecer a uma audiência relacionada a uma investigação de fraude eleitoral. A audiência foi adiada devido a um apagão que atingiu o país no dia 30 de agosto.
As informações são da Folha de S.Paulo.