A verdadeira retomada de 2018 é a do direito do povo decidir. Por Fernando Brito

Atualizado em 1 de janeiro de 2018 às 17:48

Por Fernando Brito no blog Tijolaço.

Escrevi, no Natal, que era hora de agradecer e que a hora de desejar era o novo ano. Então, desejo.

2018, tomara, será o ano da retomada.

Não a retomada hipócrita da qual tanto falam, que se dá para uns poucos, às custas da degradação do trabalho, do salário, dos direitos, dos serviços públicos, da educação, da ciência, da arte, do convívio humano.

A retomada do que tomaram – e ainda tomam – do povo brasileiro: o direito de fazer seu próprio destino, de ser dono de seu país, de ser senhor de sua vontade.

Nem parlamentares, com seus espetáculos circenses,  nem juízes, com a pompa de sua autoridade, têm o direito de se substituírem ao João , ao José, ao Raimundo ou a Severina e decidir o que é melhor para o Brasil.

Se o fazem, não importa que ao pretexto da lei, usurpam. E se usurpam, são ilegítimos, ainda que possam estar dentro da lei que leem como lhes convém. E se tomam o que não é seu, isto tem de ser retomado.

Esta é a verdadeira retomada que 2018 nos pode dar.

Este é o combate a que este blog se dedicará em 2018, com a fé inabalável em que venceremos esta quadra medieval que nos mergulharam.

O que me move a trabalhar,  todo o dia, todos os dias, segunda a segunda, 1° de janeiro a 31 de dezembro não é ganância, nem vaidade.

É o maior dos acicates que podem empurrar um ser humano: a consciência de que ele é nada sem humanidade.

O que está diante de nós vai além de um dever para com nosso povo e com o nosso país, é um dever civilizatório.

Estamos lutando contra uma era de trevas, um eclipse da inteligência e do amor fraterno. Nada mais atual que os versos do Milton da minha juventude: “E no ardor de nossos novos santos/O sinal de velhos tempos/Morte, morte, morte ao amor”

Fraquejar diante deles é permitir que aos nossos filhos e netos seja legada uma sociedade bruta e má, que em nome do moralismo, destrua os valores de liberdade, de tolerância, de igualdade básica entre os seres humanos e tudo o que se conquistou em séculos de lutas e sofrimentos de milhões de seres humanos.

O império da Lei não é o império dos juízes, nem a lei lhes pertence, nem o país lhes pertence. Nós, também, não lhes pertencemos.

Pertencemos a nós mesmos.

Só por nossas próprias vontades podemos escolher caminhos e caminhar.

E o caminho que milhões – não uns poucos – escolhem juntos é que pode abrigar a marcha de um povo.

2018 seja o ano em que reencontremos a trilha desta caminhada que não há de parar nunca, senão quando o povo brasileiro encontrar a justiça, a paz, a fraternidade e tudo o mais que forma essa distante e inesquecível face da esperança.