Vanirto José Conrad, vereador do PDT em São Miguel do Oeste-SC, está sendo apontado, pela Polícia Civil de Santa Catarina, como um dos líderes locais das manifestações antidemocráticas feitas por militantes bolsonaristas que não aceitam o resultado das eleições. Vanirto é presidente da Câmara dos Vereadores do município, que fica a 600 quilômetros de Florianópolis.
O nome dele apareceu junto ao de outros políticos e empresários em um relatório feito pela Polícia, que os aponta como “supostos líderes/organizadores do ato”, que “exerciam influência sobre os demais manifestantes”. A presença de Conrad na lista chama atenção, já que seu partido, o PDT, esteve na oposição durante todo o governo de Jair Bolsonaro (PL) e apoiou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições.
São Miguel do Oeste ficou famosa quando, no início do mês, bolsonaristas que realizavam um protesto fizeram o gesto da saudação nazista “Sieg Heil” em frente ao 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado, base do Exército.
Vanirto é filiado ao PDT pelo menos desde 1996 e está no seu quarto mandato, tendo sido eleito para o parlamento municipal em 2000, 2012, 2016 e 2020.
O ex-ministro do Trabalho e presidente do PDT em Santa Catarina, Manoel Dias, afirmou que a direção estadual do partido está encaminhando para a comissão de ética os membros que apoiaram Bolsonaro nas eleições. Ele não tinha conhecimento sobre o caso do vereador e presidente da Câmara de São Miguel do Oeste.
“O partido fechou questão em apoiar o Lula no segundo turno. Qualquer posição que contraria essa decisão é passível de punição por desobediência partidária”, disse ao DCM. “Vamos encaminhar para a comissão de ética e, tendo provas, vamos pedir a expulsão. Ele, assim como qualquer outro, é passível de responder processo disciplinar”.
Além de Vanirto, estão no relatório como lideranças das manifestações no município de São Miguel do Oeste os nomes de Valnir Camilo Scharnoski, também vereador da cidade pelo PL, Wuillian Lanza, que foi candidato a vereador pelo PSDB em 2020, Odair Breier, Rodrigo Cadoré e Itamar Schons.
Em outros municípios catarinenses, a Polícia Civil listou outros nomes como “líderes/organizadores” ou “pessoas influentes”. Em Canoinhas, município no norte do Estado a 360 quilômetros da capital, o empresário no ramo de produção de erva mate, Luis Cesar Fuck, seria um dos financiadores dos atos golpistas e Francisco Dalmora Burgardt, conhecido como “Chicão Caminhoneiro”, chegou a se apresentar em uma rádio como porta-voz dos protestos na cidade.
André Júnior Bello, Oelivir José Luzzi e Everton Marques, de acordo com o relatório, organizaram bloqueio da rodovia SC-355, no município de Fraiburgo, e também são investigados por suspeita de incentivarem o fechamento do comércio na cidade de Turvo, no sul de SC.
O relatório com as investigações em que todos esses nomes são apontados foi enviado para o Supremo Tribunal Federal (STF).