
O vereador do PT de Blumenau-SC e suplente de deputado estadual, Adriano Pereira, que foi vítima de uma ameaça de morte pelo WhatsApp em março, disse ao DCM que teme pela sua vida e de sua família e que ficou perplexo ao ver as ameaças. O petista recebeu, de um número desconhecido, um vídeo com uma arma, uma foto da sua casa e a frase: “Bom dia o peixe morre pela boca cuida no que tu fala por aí”.
O autor da ameaça já foi identificado pela Polícia Civil de Santa Catarina, mas a sua identidade não foi revelada. No início de abril, a Divisão de Investigação Criminal (DIC) cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa do homem, recolhendo seu celular. Acompanhado de um advogado, o suspeito compareceu à delegacia para prestar depoimento. Ele assumiu a autoria e alegou, entre outras coisas, estar “embriagado” no momento da ameaça. O homem está solto e o inquérito segue em andamento.

Adriano Pereira é o único parlamentar de esquerda de Blumenau e não é o primeiro político petista de Santa Catarina a receber ameaças. Ao DCM, o vereador afirmou que ficou “perplexo” ao receber as mensagens em seu celular e logo procurou a polícia para abrir um boletim de ocorrência. “A violência aumentou depois da eleição de Bolsonaro, em 2018. O fascismo, a intolerância, o ódio e o preconceito colocaram as garras para fora”, afirmou o petista.
Blumenau tem cerca de 360 mil habitantes, fica a 150 quilômetros de Florianópolis e virou notícia recentemente por ter sido palco do ataque covarde contra crianças na creche Cantinho Bom Pastor. A cidade já foi apontada pela pesquisadora e antropóloga Adriana Dias como sede de duas seções da Ku Klux Klan (KKK). Em 2017, uma operação da Polícia Civil identificou e prendeu pessoas que estavam ligadas ao aparecimento de cartazes nazistas na cidade.
“Eu temo sim pela minha vida e da minha família, já que o mal está em nosso meio, pessoas doentes estão em nossa volta, capazes de tirar vidas como daqueles anjinhos inocentes em uma creche, então imagina em outras situações”, afirmou Adriano ao DCM. Confira abaixo a entrevista completa.
DCM: Qual foi a sua reação ao receber, no WhatsApp, de um número desconhecido, uma foto da sua casa e uma ameaça tão clara como essa?
Adriano Pereira: A reação foi de perplexidade. Foi indescritível. É horrível você ter consciência de que só trabalha para fazer o bem para o povo e para a cidade e, de repente, alguém aparece para fazer esse tipo de ameaça e maldade.
Qual a primeira providência que o senhor tomou?
A primeira providência foi fazer o boletim de ocorrência. Procurei a delegacia e encaminhei para a polícia as ameaças: fotos, vídeos, textos e o número de telefone que me enviou.
Nos últimos meses, principalmente depois das eleições de 2022, os casos de ameaça a parlamentares progressistas cresceram bastante. A que você atribui esse aumento?
Depois da eleição do Bolsonaro, em 2018, a violência aumentou. O fascismo, a intolerância, a antidemocracia, o ódio, o preconceito e as fake news colocaram as garras para fora. Passamos a ver pessoas que são adoradoras de Hitler, células nazistas, incitação à violência, pessoas sem noção se achando no direito de atacar quem quiserem sem respeito algum, ofendendo e muitas vezes indo para vias de fato. Esse extremismo, fanatismo e ignorância já levaram a mortes. Fora as amizades desfeitas, relacionamentos prejudicados, famílias que se dividiram e outras agressões diversas.
Sabemos que Santa Catarina é um dos estados brasileiros que tem uma das maiores quantidades proporcionais de células nazistas. Blumenau, inclusive, já foi apontada como sede de seções da Ku Klux Klan. Você vê alguma relação entre esses extremistas com a ameaça contra o senhor, tendo em vista que seu mandato é o único do PT na cidade?
Penso que pode sim ter essa relação. Sou muito perseguido, atacado. Sofro muito pelo fato de ser o único representante do PT aqui em Blumenau e praticamente sozinho em toda a região do vale do Itajaí. Já sofri muito por lutar pelos interesses do povo e da cidade através do Partido dos Trabalhadores, sigla que, por sinal, já fez muito por Blumenau, Santa Catarina e pelo Brasil.
A Polícia Civil de Santa Catarina está investigando o caso, já identificou o suspeito e recolheu o celular dele, apesar de não revelar a identidade. O que você espera que aconteça daqui pra frente?
Eu espero justiça. Não desejo o mal a quem fez isso e nem o conheço, mas quero paz para mim e para minha família. Ninguém merece passar por isso. Agradeço ao DCM pela oportunidade de falar sobre esse episódio. Eu temo sim pela minha vida e da minha família, já que o mal está em nosso meio, pessoas doentes estão em nossa volta, capazes de tirar vidas como daqueles anjinhos inocentes em uma creche, então imagina em outras situações. Precisamos de mais amor, de Deus no coração e na vida das pessoas. Sigo trabalhando pelo povo e pela cidade, lamentando ter que passar por isso. Que haja tratamento para os doentes e rigor da lei para os criminosos.