Vereador negro que já foi espancado pela PM tem sua casa fotografada por homens armados à paisana

Atualizado em 16 de janeiro de 2021 às 20:59
Vereador Renato Freitas, de Curitiba, é ameaçado de morte. – Divulgação

Originalmente publicado por BRASIL DE FATO PARANÁ

O vereador Renato Freitas, do Partido dos Trabalhadores, divulgou em suas redes sociais neste sábado (16) que vem sofrendo ameaças de morte. Em nota, Renato conta que homens armados rondaram a região onde mora, na segunda-feira (11), perguntando aos vizinhos onde seria a casa do vereador.

“Homens à paisana estiveram na rua da minha casa na tentativa de identificar a minha residência, fato esse relatado pelos meus vizinhos, que foram indagados se conheciam e sabiam onde morava o vereador Renato Freitas,” aponta.

Os vizinhos, que preferiram não se identificar, relataram que um dos homens estava armado e tirou fotos da casa do vereador. Em seguida, os homens entraram num carro tipo furgão e saíram sem se identificar.

“Após serem questionados se gostariam de alguma informação específica, os homens entraram no carro, deram a ré para não serem vistos e foram embora”, relata Renato

Neste sábado (16), a deputada federal e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, foi às redes sociais para prestar solidariedade ao vereador.

“Toda solidariedade ao nosso vereador em Curitiba que vem sofrendo ataques racistas e ameaças de morte nas redes. Homens armados rondaram o bairro onde mora tentando encontrar sua casa. O fascismo está à espreita mas seguiremos denunciando e enfrentando as adversidades”, escreveu ela.

Confira abaixo:

Renato e sua equipe jurídica farão o registro do Boletim de Ocorrência, apresentarão uma notícia crime e pedido de investigação junto à Polícia Civil, a partir deste sábado (16).

*Histórico de perseguições*

Essa não é a primeira vez que o vereador tem sua vida colocada em risco. Renato Freitas, que também é advogado, tornou-se notícia nacional por dois casos de agressão da Guarda Municipal de Curitiba. A primeira em 2016, quando foi candidato a vereador pelo PSOL, em que foi preso, espancado e colocado nú numa cela da carceragem do 3° Distrito Policial de Curitiba.

Na segunda, em 2018, era candidato a deputado estadual pelo PT e foi alvejado duas vezes à queima-roupa por agentes da Gerência de Operações Especiais (GOE) da Guarda Municipal com balas de borracha. A equipe jurídica do vereador também tem um histórico de abordagens policiais desde 2015, que será anexado ao processo.

De ataques racistas a ameaças de morte em redes sociais, para o Vereador Renato Freitas, trata-se de evidente caso de violência política e eleitoral: _“A violência política que acontece comigo não é só sobre mim, é sobre 5097 pessoas que exerceram seu direito de voto e acreditaram nas nossas ideias”.

Renato é militante do movimento negro e do coletivo Núcleo Periférico, que defende pautas como direito à moradia, reforma urbana e agrária, desmilitarização das polícias, democratização do acesso à cultura e garantia dos Direitos Humanos.