Vereadores de SP querem multar quem doa comida a moradores de rua; entenda

Atualizado em 27 de junho de 2024 às 21:04
Homem em situação de rua fazendo fogueira
Homem em situação de rua debaixo de viaduto – Reprodução/Agência Brasil

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou, em primeira votação, um projeto de lei que prevê uma multa de R$ 17 mil para quem não cumprir determinados requisitos sobre doação de alimentos para pessoas em situação de rua na capital. A nova lei estabelece regras tanto para ONGs e entidades quanto para pessoas físicas.

Requisitos para Pessoas Físicas:

  • Limpar a área onde será realizada a distribuição dos alimentos.
  • Disponibilizar tendas, mesas, cadeiras, talheres, guardanapos e outros itens necessários para uma alimentação segura e digna.
  • Responsabilizar-se pela limpeza do local após a ação.
  • Obter autorização da Secretaria Municipal de Subprefeituras.
  • Obter autorização da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS).
  • Cadastrar todos os voluntários junto à SMADS.

Requisitos para ONGs e Entidades:

  • Ter razão social registrada e reconhecida por órgãos competentes do município.
  • Apresentar documento atualizado com informações sobre o quadro administrativo, incluindo nomes, cargos e comprovações de identidade.
  • Manter cadastro das pessoas em situação de vulnerabilidade social atualizado junto à SMADS.
  • Identificar voluntários com crachás da entidade durante a entrega de alimentos.
  • Apresentar documentos autenticados em cartório ou com atestado de veracidade.

O local de preparação dos alimentos deverá passar por vistoria da Vigilância Sanitária. A Prefeitura de São Paulo informou ao g1 que, atualmente, não há obrigação de TPU (Termo de Permissão de Uso) para entrega de alimentos a pessoas em situação de rua. O projeto será analisado pelo prefeito em segunda votação.

Pessoa em situação de rua carregando marmita e caminhando, de costas
Pessoa em situação de rua carregando marmita – Agência Brasil

Representantes de ONGs criticaram a exigência de listas, documentos e autorizações, classificando-as como “arbitrariedades sem sentido”. Eles argumentam que essas exigências afastarão voluntários e inibirão o trabalho humanitário. Thiago Branco, da ONG Mãos na Massa, e Christian Francis Braga, do Instituto GAS, destacaram que muitas ONGs operam de maneira informal devido à ineficiência do Estado.

Pai Denisson D’Angiles, do Instituto CEU Estrela Guia, expressou preocupação com o projeto de lei, afirmando que ele cerceia o bem-estar e a vida das pessoas em situação de rua. Ele questionou por que o governo não apoia essas iniciativas, em vez de impor barreiras.

A Ação da Cidadania, uma das maiores ONGs de combate à fome no país, também criticou o projeto, afirmando que ele desencoraja a atuação das organizações que distribuem refeições diárias para quem precisa.

Rubinho Nunes (União), autor do projeto, defendeu que a medida visa garantir protocolos de segurança alimentar e evitar desperdício e a venda de marmitas para compra de drogas. Ele afirmou que houve interpretações erradas sobre o projeto.

Já a vereadora Luna Zarattini (PT) e a covereadora Silvia Ferraro (PSOL), declararam oposição ao projeto. A primeira argumentou que o projeto penaliza ONGs com requisitos burocráticos, enquanto a segunda afirmou que ele visa impedir a distribuição de alimentos para pessoas em situação de rua.

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