
Carlo Ancelotti participou do 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol, realizado nesta terça-feira (4) na sede da CBF. O técnico da seleção brasileira recebeu uma placa de homenagem da organização, mas foi alvo de comentários xenófobos feitos por dois profissionais. Durante o evento, ao lado de técnicos em atividade e já aposentados, ouviu Emerson Leão criticar o que chamou de “invasão” de treinadores estrangeiros no país.
Campeão do mundo em 1970 como jogador e vencedor de títulos nacionais como técnico pelo Sport, em 1987, e pelo Santos, em 2002, Leão afirmou que não gosta da presença de profissionais estrangeiros “no meu país”. Em seguida, disse que os próprios treinadores brasileiros seriam responsáveis pelo cenário atual.
“Eu sempre disse que não gosto de treinadores estrangeiros no meu país, e isso serve para o Mancini, que é o presidente (da Federação Brasileira de Treinadores). Estou falando aqui na frente da nossa casa. Antes eu falava que eu não suportava, não suportaria treinadores (estrangeiros). Você sabe que eu já falei isso, né, Zé (Mário, ex-jogador e ex-treinador presente no evento)? Você sabe que eu já falei isso e não minto. Não mudo a minha opinião. Mas tenho que ser inteligente o suficiente pra dizer que isso tudo tem um culpado. Nós. Nós, treinadores, somos culpados da invasão de outros treinadores que não têm nada a ver com isso. Não estamos falando de nome, não estamos falando de nacionalidade. Estamos falando de erro nosso” — desabafou Leão, antes de afirmar, de forma confusa, que “mudou de ideia neste exato momento”.
“Eu já parei. Eu não sou mais treinador, não sou mais atleta. Mas continuo dando a minha colaboração quando solicitado. Portanto, mudei de ideia neste exato momento. Quero falar a você, Vagner. Já fui presidente de sindicato, de tudo. Vagner, pode contar comigo com toda a colaboração que você precisar de um treinador antigo para passar algumas coisas para o jovem. Tem o Zé Mário também, que é meu companheiro. Eu vejo vários companheiros aqui. E muitos novos que eu não conheço. Inclusive, ex-jogadores que trabalharam comigo que eu não reconheço.”
Durante todo o discurso, Leão não se dirigiu diretamente a Ancelotti. Apenas ao final, sem citá-lo nominalmente, desejou sorte ao treinador estrangeiro no comando da seleção.
“Vagner, você tem tudo para se tornar uma pessoa muito, muito importante para nós brasileiros. Então, boa sorte no seu futuro. (Leão se vira para Ancelotti) Boa sorte para você também.”
Carlo Ancelotti, o técnico mais vitorioso da história da principal competição de clubes do planeta — sem falar de títulos nas grandes ligas europeias —, tendo que escutar provocações de Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira.
É rir para não chorar.pic.twitter.com/VbVuqSrUum
— Leandro Correia (@LeleCorreia2) November 4, 2025
Na sequência, Oswaldo de Oliveira foi chamado ao palco e retomou o assunto. Apesar de concordar com a defesa por mais treinadores nacionais, adotou tom mais cordial ao falar sobre Ancelotti e relembrou um encontro com ele.
“Como o Leão falou, eu também sou favorável à presença dos treinadores brasileiros tanto no clubes quanto na seleção. Mas confesso a vocês que ‘não tem jeito’, se tivesse que ser, torci para ser esse senhor. ‘Não tem jeito’. Então que seja o Carlo Ancelotti. Pelo jogador que foi e pelo treinador que é. Ganhador de títulos e um cara que trabalhou com todos os jogadores brasileiros na Europa. E tem um fato, Carlo, que aconteceu em 2007, no Japão. Milan contra Boca Juniors na final do Mundial. Eu fui com o meu auxiliar assistir a este jogo no Japão. Sentei para esperar o ônibus que ia nos levar ao estádio, onde fui campeão três vezes, e daqui a pouco entrou o pessoal da delegação. Carlo Ancelotti sentou ao meu lado. Ele não lembra disso, claro. Não falamos nada, mas foi uma vez em que estivemos juntos no Japão. E vi Kaká, Cafú, aquela turma boa para caramba…”
Encerrando a participação, Oswaldo desejou que um treinador brasileiro volte ao comando da seleção após a próxima Copa. Atualmente, há interesse inicial da CBF em renovar o contrato de Ancelotti para o ciclo de 2030, embora o vínculo atual termine após o Mundial.
“Estou muito feliz hoje de ver todos aqui. E com uma expectativa muito otimista do que pode acontecer aos rumos e pretensões da Federação Brasileira de Treinadores. Tomara, inshalá, nós cheguemos a ter novamente os treinadores brasileiros brilhando, dirigindo os clubes e quando, claro, o Ancelotti for embora depois de ser campeão no ano que vem, que volte um brasileiro para a seleção.”
Os discursos geraram revolta e sensação de “vergonha alheia”, principalmente porque ambos os treinadores brasileiros já trabalharam no exterior. Leão, por exemplo, já comandou o Shimizu S-Pulse, o Tokyo Verdy e o Vissel Kobe, do Japão, e o Al-Sadd Sports Club, do Catar. Já Oswaldo de Oliveira, treinou o Shabab Al Ahli Club, dos Emirados Árabes, o Kashima Antlers F.C. e o Urawa Red Diamonds, do Japão, e o Al-Arabi, do Catar.
Grande goleiro e treinador mediano. Já o ser humano…
Deselegante, ultrapassado, patético. O tempo só piora a imagem de Emerson Leão. Que vergonha alheia, que vergonha… https://t.co/TpnPGQsOG2
— Sérgio Xavier Filho (@sxavierfilho) November 4, 2025
Kkkkkk é piada kkkkk o Emerson Leão tem razão kkkkk a culpa são dos próprios técnicos kkkkk que vergonha alheia
— Klauber Duca (@klauberduca) November 5, 2025