Ministro da Educação trai Milton Ribeiro e faz mudanças no MEC

Victor Godoy, que era o número 2 do ministério na gestão de Milton Ribeiro, se torna titular e passa a tentar se desvincular do ex-ministro.

Atualizado em 24 de junho de 2022 às 8:50
Victor Godoy Veiga
Victor Godoy Veiga – Ministro da Educação
Foto por: Luís Fortes / MEC

A operação da Polícia Federal que investiga Milton Ribeiro foi recebida com cautela por parte da atual cúpula do Ministério da Educação. Desde que soube da prisão do ex-chefe, o ministro Victor Godoy tentou passar uma postura de tranquilidade aos interlocutores. Ainda como interino, Godoy tem promovido mudanças no gabinete para afastar o fantasma do escândalo envolvendo atuação de pastores como lobistas na pasta. Ele busca se desvencilhar do caso e jogar as responsabilidades no colo de seu antecessor, uma clara atitude de traição contra um aliado.

As buscas feitas na sede do ministério movimentou os grupos de WhatsApp de servidores, que passaram o dia trocando mensagens sobre o episódio. Segundo relatos, a polícia cumpriu diligências em mais de um departamento do MEC. Já no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado à pasta, o clima foi de “comemoração”. A visão dos servidores, é que uma série de denúncias contra o presidente da autarquia e aliado de Ribeiro, Danilo Dupas, confirmam a veracidade das denúncias a respeito do desmonte na área.

Em seus primeiros atos na pasta, ainda antes da nomeação oficial, Godoy manteve grande parte dos secretários do alto escalão, mas substituiu assessores do gabinete e nomes que acabaram indo para o centro da polêmica, como Luciano Musse, apontado como interlocutor dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura dentro do MEC e que também foi preso pela Polícia Federal na quarta-feira. Em seus primeiros dias, o novo ministro também pediu que fosse feita uma análise minuciosa de contratos que tiveram algum tipo de participação das pessoas citadas nas denúncias de irregularidades no MEC, como Musse.

Uma servidora próxima de Ribeiro e que era responsável por organizar a agenda do ex-ministro foi exonerada,  como uma iniciativa para afastar do gabinete pessoas que pudessem ter algum tipo de relação com o caso. Vanessa Reis chegou inclusive a prestar depoimento à Comissão de Educação do Senado para ser ouvida nas apurações feitas pelo colegiado e confirmou que alertou Milton Ribeiro sobre pedidos indevidos feitos pelos pastores.

Segundo pessoas próximas ao ministro, Godoy não se surpreendeu com as prisões e teria dito que as apurações indicam que o ex-funcionário era ligado ao círculo do ex-ministro e dos pastores e que teria tomado a atitude correta ao exonerá-lo.

Após o escândalo, de acordo com membros da pasta, o ministro determinou o fim de agendas organizadas pelos pastores e orientou ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) que não realize mais encontros entre prefeitos e pastores como os relatados nas denúncias que vieram a público. Godoy também teria designado um de seus assessores para tomar conta do cerimonial e controlar de perto as agendas do gabinete.

No rol de mudanças promovidas por Godoy está ainda a reversão de atos tomados por Ribeiro. Ele decidiu modificar, por exemplo, o comando da Consultoria Jurídica (Conjur) do MEC, que havia sido trocado por seu antecessor. Dez dias após assumir o ministério, Godoy demitiu Davy Jones, indicado por Milton Ribeiro, e colocou no seu lugar Saulo Queiroz, que compunha a antiga chefia da Conjur. A interlocutores, o ministro argumentou que com a mudança pretendia “rearmonizar” a área.

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