
O ministro Alexandre de Moraes, relator da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), pediu aparte durante o voto da ministra Cármen Lúcia nesta quinta (11) para rebater declarações anteriores de Luiz Fux. Sem citar diretamente o colega, Moraes contestou a ideia de que os ataques de 8 de janeiro teriam sido atos isolados de “baderneiros descoordenados”.
“Não foi um domingo no parque, não foi um passeio na Disney. Foi uma tentativa de golpe de Estado. Não foi combustão espontânea. Foi uma organização criminosa”, disse Moraes. O relator enfatizou que os ataques foram planejados de forma coordenada e inseridos em um esquema de maior alcance.
Ele argumentou que a estrutura envolvia integrantes das Forças Armadas, da inteligência e do núcleo político de Jair Bolsonaro, com objetivo de manter o ex-presidente no poder.
“Uma organização criminosa se estrutura para praticar uma série de delitos, de forma coordenada, direta ou indireta. No caso, buscava atingir e sequestrar a alma da República, impedindo a validade do processo eleitoral”, prosseguiu.
Em aparte ao voto de Carmen Lúcia, Moraes reafirma: "não foi um domingo no parque, não foi um passeio à Disney. Foi uma organização criminosa, estruturada, com desencadeamento de ações, utilização de órgãos públicos."
Uma aula ao ministro Luiz Fux, depois de ontem. pic.twitter.com/IkUWSpW6jD
— Matheus Gomes (@matheuspggomes) September 11, 2025
O magistrado reforçou que já há maioria para condenar Mauro Cid e Walter Braga Netto por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Ambos são apontados como participantes do plano “Punhal Verde e Amarelo” e da operação “Copa 2022”, iniciativas ligadas à articulação golpista.
Moraes alertou que os conspiradores estavam dispostos a recorrer à violência extrema para alcançar seus objetivos. “Se, para isso, precisasse matar um ministro ou um presidente, seriam crimes indeterminados, mas todos voltados a perpetuar Jair Bolsonaro no poder”, declarou.
O relator ainda destacou que a desmoralização das urnas era peça central da trama. “A urna é o momento em que o eleitor se encontra com ele mesmo. Desmoralizá-la não é fácil, porque é uma crença do povo. E foi isso que buscaram, enfraquecer a democracia pela raiz”, concluiu.