
O deputado federal Sóstenes Cavalcante (RJ), líder do PL na Câmara, afirmou que os R$ 430 mil apreendidos pela Polícia Federal em um endereço ligado a ele são fruto da venda de um imóvel. O parlamentar foi alvo de uma operação da PF que investiga suspeitas de desvio de recursos da verba de gabinete.
Sóstenes disse que recebeu o valor em dinheiro vivo e que ainda não havia feito o depósito. “Guardei no meu guarda-roupa, dentro do meu flat”, afirmou. Ele reconheceu que a situação causa estranheza, mas alegou um “lapso” em meio à rotina de trabalho. “Ninguém coloca dinheiro ilícito dentro de casa, gente”, declarou.
O deputado afirmou que seus advogados e o contador apresentarão a documentação da venda à Justiça. Segundo ele, o imóvel estava declarado no Imposto de Renda, embora não conste na declaração de bens apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral, onde aparecem apenas saldos bancários inferiores a R$ 5 mil.
Questionado sobre datas, Sóstenes disse não se lembrar com precisão. Afirmou que comprou o imóvel após as eleições de 2022 e que a venda ocorreu na semana passada. Ele também se recusou a informar detalhes como a cidade, o tamanho do imóvel e a identidade do comprador. “É uma residência em Minas Gerais”, limitou-se a dizer.
Em pleno 2025, um deputado federal recebe pagamento pela venda de um imóvel em DINHEIRO VIVO e guarda por semanas no guarda-roupa. E ainda diz que não depositou o dinheiro por causa da “correria do trabalho” – nem parece que ele tem 26 pessoas nomeadas no gabinete (nem todas em… pic.twitter.com/3M4pbBvLv1
— Rogério Tomaz Jr. (@rogeriotomazjr) December 19, 2025
O parlamentar também comentou as movimentações financeiras milionárias de servidores comissionados ligados ao seu gabinete. Um dos casos envolve seu motorista, que movimentou cerca de R$ 11 milhões. Segundo Sóstenes, ele é dono de uma distribuidora de bebidas, o que explicaria os valores. Ele disse ainda que o motorista aluga o veículo usado pelo deputado.
A Polícia Federal, no entanto, suspeita que uma locadora de veículos tenha sido usada para lavar dinheiro desviado da verba parlamentar. A investigação cita a Haure Locação de Veículos como possível empresa de fachada, apontando frota reduzida e valores incompatíveis com os serviços declarados.
Sóstenes não comentou outros pontos citados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, como as movimentações de quatro pessoas ligadas ao esquema. O deputado afirmou ter recebido solidariedade do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e de outros parlamentares.
Sóstenes também disse ser alvo de perseguição e chamou a investigação de “cortina de fumaça” para desviar atenção das investigações sobre a “farra do INSS”.