VÍDEO: “A extrema-direita vai desmantelar o país”, diz Macron após dissolver o Parlamento francês

Atualizado em 9 de junho de 2024 às 18:42
Macron em pronunciamento após dissolver o Parlamento. Foto: reprodução

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou a dissolução da Assembleia Nacional e convocou eleições legislativas antecipadas, após uma pesquisa de boca de urna indicar uma possível derrota de seu partido, Renascimento, para a extrema-direita nas eleições parlamentares europeias.

“A lição principal é clara, este não é um bom resultado para os partidos que defendem a Europa, incluindo o da maioria presidencial. Os partidos de extrema-direita, que nos últimos anos se opuseram a tantos progressos tornados possíveis pela nossa Europa, estão progredindo em todo o continente”, disse Macron, mencionando a prosperidade econômica, proteção das fronteiras e apoio à Ucrânia.

A pesquisa mostrou que o partido de extrema-direita União Nacional (RN) liderava com 31,5% dos votos, enquanto o Renascimento obteve apenas 15,2%, ficando em segundo lugar, seguido pelos socialistas com 14,3%.

Na França, seus representantes chegam a quase 40% dos votos expressos.

“Para mim, que sempre considerei que uma Europa forte, unida, independente e boa para a França, é uma situação que não consigo resolver”, lamentou-se no pronunciamento deste domingo (9).

Em um discurso após a divulgação dos resultados, o líder do RN, Jordan Bardella, chamou a diferença de votos de uma “desaprovação contundente” para Macron e pediu a dissolução do parlamento francês.

“Essa derrota sem precedentes para o atual governo marca o fim de um ciclo e o Dia 1 da era pós-Macron”, afirmou Bardella.

“A extrema-direita é ao mesmo tempo o empobrecimento dos franceses e o desmantelamento do nosso país”, alertou Macron. “Então, no final do dia, eu não poderia fingir que nada aconteceu”, justificou-se.

Por fim, o presidente francês disse que não tomou essa atitude com objetivos eleitorais, uma vez que não concorrerá a nenhum cargo em 2027. “Minha única ambição é ser útil ao nosso país tanto quanto amo, minha única vocação é servi-lo”, argumentou antes de convocar a população para votar contra a extrema-direita.

Dentro de uma hora após o discurso de Bardella, Macron anunciou nacionalmente a dissolução da câmara baixa francesa e a realização de novas eleições legislativas. O primeiro turno será em 30 de junho, com o segundo turno em 7 de julho. “Decidi devolver a vocês a escolha do seu futuro parlamentar por meio do voto. Portanto, estou dissolvendo a Assembleia Nacional esta noite”. Ele acrescentou que a decisão é um “ato de confiança” no povo francês.

Marine Le Pen, uma das principais figuras da extrema-direita francesa, afirmou estar pronta para assumir o poder se os franceses confiarem nela nas próximas eleições nacionais, chamando a vitória de um acontecimento “histórico”.

Le Pen, conhecida por suas posturas xenofóbicas e de aproximação com a Rússia, busca criar um grupo de nacionalistas que possa puxar a Europa para a direita. Em entrevista ao jornal italiano “Corriere della Sera”, ela defendeu a união no continente e disse: “Não devemos perder uma oportunidade como esta”.

As eleições para o Parlamento Europeu elegeram 720 legisladores dos 27 países do bloco. As votações em toda a União Europeia mostraram uma mudança significativa para a direita, com os partidos conservadores e de extrema-direita ganhando força.

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