
A repercussão da entrevista de Kevin Spacey ao jornal britânico The Telegraph, publicada em 19 de novembro, reacendeu críticas do ator à imprensa e abriu novo capítulo de disputa sobre sua imagem pública. Aos 66 anos, o vencedor de dois Oscars afirmou ter sido alvo de distorções jornalísticas desde as acusações de abuso sexual feitas em 2017, das quais acabou absolvido anos depois. O ponto que gerou maior polêmica, porém, não foi sua crítica à mídia, e sim a manchete: “Sem-teto, cancelado e cantando em Chipre”.
O termo “sem-teto”, repetido em diversos veículos, levou Spacey a divulgar um vídeo quatro dias depois para rebater a narrativa. A entrevista havia sido realizada em Chipre, onde o ator se apresentou no espetáculo “Kevin Spacey: Songs & Stories”, uma apresentação com ingressos de até 1.200 euros, voltada a um público abastado interessado em ouvi-lo cantar clássicos do cancioneiro estadunidense e contar episódios de sua trajetória. O show também foi levado a Israel.
Na conversa com o repórter Mick Brown, Spacey descreveu um período de reconstrução profissional e financeira, após vender sua mansão em Baltimore para arcar com custos de processos, contratos encerrados e a falta de trabalho em Hollywood.
Na ocasião, o ator disse estar levando uma vida itinerante: “Estou vivendo em hotéis, estou vivendo em Airbnbs, estou indo aonde o trabalho está. Literalmente não tenho casa”.
#Mídia 📲 Uma entrevista de Kevin Spacey (@KevinSpacey ), 66 anos, publicada em 19 de novembro de 2025 pelo jornal britânico The Telegraph, trazia uma crítica aberta à imprensa. Nela, o ator falava do tratamento dado às acusações de abuso sexual das quais foi alvo em 2017 e das… pic.twitter.com/ZKFJs5JBhZ
— Poder360 (@Poder360) November 27, 2025
De astro a “cancelado”
O cancelamento do ator começou em outubro de 2017, quando o site Buzzfeed News publicou o relato de Anthony Rapp, que afirmou ter sido alvo de uma investida sexual de Spacey em 1986, quando tinha 14 anos. Outras denúncias surgiram, o astro foi demitido de “House of Cards” e passou a atuar apenas em produções independentes.
Ele foi absolvido de acusações em tribunais de Nova York (2022) e Londres (2023), e retomou trabalhos musicais, cantando músicas como “Who Can I Turn To?” e “That’s Life”.
Durante a entrevista em Chipre, questionado se ele se considerava alvo de uma “caça às bruxas”, afirmou: “Acho que jornalistas escrevem histórias que são deliberadamente cruéis e desnecessárias e falsas? Sim. Mas nunca me senti assim em relação ao público”. A polêmica com o termo “sem-teto” ampliaria essa crítica.
No vídeo divulgado no último domingo (23), ele voltou a apontar distorções: “À luz dos artigos recentes dizendo que sou sem-teto, sinto a necessidade de responder”.
Spacey explicou que morar em hotéis e Airbnbs não significa passar necessidade: “Seria desonesto da minha parte permitir que vocês acreditem que eu realmente sou sem-teto”.
Embora tenha poupado o jornalista, criticou o jornal britânico: “Foi uma pena que o ‘Telegraph’ tenha desconsiderado o trabalho de seu próprio jornalista ao traí-lo com uma manchete conscientemente enganosa em nome dos cliques”.

Novas acusações
Além da repercussão da entrevista, Spacey enfrenta três novos processos civis no tribunal de Londres por acusações de agressão sexual envolvendo três homens, supostamente entre 2000 e 2013. Segundo a BBC News, ele rejeitou formalmente duas delas e ainda não apresentou defesa na terceira. Um julgamento provisório foi sugerido para outubro de 2026.
As acusações incluem relatos de agressões reiteradas entre 2000 e 2005, prejuízos financeiros e danos psiquiátricos, além do depoimento de Ruari Canon, exibido no documentário “Spacey Unmasked” (2024), no qual ele afirma ter sido apalpado pelo ator em 2013. Spacey nega todas as acusações.
Nos últimos sete anos, o artista enfrentou processos, despesas milionárias e perdas profissionais. “Os custos ao longo destes últimos sete anos foram astronômicos. Está tudo armazenado, e eu espero que em algum momento […] eu possa decidir onde quero me estabelecer novamente”, declarou.