
O advogado Andrew Fernandes Farias, que defende o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro planejava dar um golpe de Estado. Durante sustentação oral no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta (3), ele disse que seu cliente tentou “demover” o então chefe, em 2022.
Segundo o defensor, durante reuniões após as eleições de 2022, Nogueira se posicionou de forma “totalmente contrária” aos planos golpistas de Bolsonaro e teria ficado “desconfortável” com a possibilidade de avanço de qualquer medida de exceção.
“Quão difícil foi ser ministro da Defesa no segundo semestre de 2022… Naquele período, oficiais generais se manifestavam nas redes de forma contundente. E qual era o receio do general Paulo Sérgio? Que alguma liderança militar levantasse o braço e rompesse”, disse Farias.
Ao fim da argumentação do advogado, a ministra Cármen Lúcia pediu esclarecimentos sobre o que o ex-ministro teria tentado impedir. “Vossa senhoria, cinco vezes, disse que seu cliente ‘estava atuando para demover o presidente da República’. Demover de quê? Até agora todo, mundo diz que ninguém pensou nada…”, perguntou.
O advogado interrompeu a magistrada e afirmou: “Demover de adotar qualquer medida de exceção. Atuou ativamente e há provas nos autos”. Veja:
aqui a ministra Carmem Lúcia deu aulas de novo: todos os réus [excetuando o ex-presidente] dizem que tentaram demover Jair Bolsonaro de algo mas nunca dizem de que. o advogado Andrew Fernandes teve de responder que Jair tinha intentos golpistas. pic.twitter.com/VkJ2j4tVIS
— William De Lucca (@delucca) September 3, 2025
Nogueira é um dos oito réus do chamado “núcleo central” da trama golpista e o único do grupo que compareceu presencialmente à abertura do julgamento, nesta terça (2). Ele responde pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-ministro apoiou a narrativa de fraude nas urnas e instigou intervenções das Forças Armadas. Em uma das reuniões de 2022, ele teria participado de articulações para sustentar o golpe e chegou a dizer que via militares “na linha de contato com o inimigo”, além de pedir para “intensificar a operação”.