
O jornalista Eduardo Oinegue, âncora do “Jornal da Band”, usou parte de seu comentário editorial para criticar o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Em sua fala, exibida em horário nobre na última sexta-feira (1º), Oinegue classificou o comportamento do parlamentar como “antipatriótico” por atuar nos Estados Unidos contra interesses do Brasil, em articulações com o presidente Donald Trump, comparando-o a um “maluco”.
A crítica ocorre em meio à escalada de tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos após a imposição de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com base na Lei Magnitsky.
A medida foi interpretada pelo governo brasileiro como interferência indevida no Judiciário. Na mesma linha, o governo Trump anunciou um tarifaço sobre produtos brasileiros, incluindo carne bovina, minério de ferro, celulose, café e suco de laranja.
Eduardo Bolsonaro, que está há meses nos Estados Unidos e tem participado de eventos ligados à direita trumpista, foi citado diretamente por Oinegue. “Já está mais do que comprovado que tem brasileiro na tuba, que tem brasileiro trabalhando contra os interesses do Brasil. Claro que Donald Trump enxerga em Lula um adversário ideológico, um líder de esquerda comandando o maior país da América Latina”, iniciou o jornalista.
“Mas daí a usar o julgamento de Bolsonaro como argumento para enquadrar o ministro da Suprema Corte brasileira na Lei Magnitsky, e sobretaxar a maior parte das exportações brasileiras tem uma enorme distância”, afirmou o Oinegue.
Oinegue: Os amigos de Eduardo Bolsonaro poderiam sugerir que procurasse ajuda profissional. Veja no comentário #BandJornalismo #JornaldaBand pic.twitter.com/jDFJQvDHzv
— Band Jornalismo (@BandJornalismo) August 1, 2025
O âncora ainda ironizou o comportamento do deputado. “E um dos brasileiros liderando essa campanha é o deputado Eduardo Bolsonaro, que sim, fugiu do Brasil e está se comportando de maneira antipatriótica. Do jeito que ele vai, se ele colocar na cabeça uma panela, vira o Menino Maluquinho do Ziraldo. E se vestir uma daquelas camisas de manga longa, que podem ser presas nas costas, vira só um maluquinho. Algum amigo dele, deveria sugerir que buscasse ajuda profissional o quanto antes”.
Nos bastidores da diplomacia brasileira, a atuação de Eduardo é vista com preocupação. Relatórios da Embaixada do Brasil em Washington apontam que ele tem mantido reuniões com aliados de Trump para justificar as sanções contra Moraes e estimular barreiras econômicas, alegando perseguição a opositores no Brasil. O próprio Donald Trump fez menção ao caso Moraes em entrevistas recentes, reforçando a retórica de que o ministro seria um “censor judicial”.
A movimentação do deputado coincide com sua ausência prolongada do Brasil. Desde fevereiro, Eduardo está fixado nos Estados Unidos e, mesmo licenciado da Câmara dos Deputados, segue recebendo salário proporcional como parlamentar. A oposição prepara uma representação no Conselho de Ética para questionar sua conduta e avaliar quebra de decoro, especialmente pela atuação contra interesses comerciais do país.
Enquanto isso, setores afetados pelo tarifaço começam a pressionar o governo por medidas de compensação. A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) já classificou as novas tarifas como “prejudiciais ao setor produtivo nacional” e pediu ação firme da diplomacia brasileira.
O Itamaraty, por sua vez, afirmou que “responderá com equilíbrio, mas firmeza, diante de qualquer ação que prejudique a soberania econômica do Brasil”.