O jurista Ives Gandra Martins e a filha dele, Angela Gandra, usaram as redes sociais para rebater as críticas por aparecer no “roteiro do golpe” que a Polícia Federal (PF) encontrou no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Angela publicou em sua conta no Instagram, no último domingo (18), um vídeo no qual aparece ao lado do pai. Na gravação, ela afirma que o único golpe que eles querem dar “é o da paz e do amor”.
“Nós dois somos super apaixonados pelo Estado Democrático de Direito. E o único golpe que eu quis dar e meu pai também é o golpe no coração das famílias, para fortalecer os vínculos. Um golpe de paz e de amor”, disse.
“Agir e não reagir, levar as coisas boas e fazer como existe no céu: não há problemas de direito, porque só existe uma lei, a lei do amor. É o que nós procuramos praticar”, afirmou Ives Gandra. Angela ainda finaliza o vídeo fazendo um apelo: “Nada de golpe, tá?”.
Ives é o mentor do golpismo no Brasil. Sua defesa esdrúxula do artigo 142 da Constituição como prova do “poder moderador” das Forças Armadas alimenta militares delinquentes.
Um dos documentos repassados a Cid é um email enviado pelo advogado em 2017 ao então major Fabiano da Silva Carvalho. O militar era aluno do Curso de Comando e Estado-Maior do Exército.
Segundo Ives, um dos Poderes pode acionar as Forças Armadas quando estiver em conflito com outro Poder, tese devidamente rechaçada pelo STF.
“[O emprego dos militares] pode ocorrer em situação de normalidade se no conflito entre Poderes, um deles apelar para as Forças Armadas, em não havendo outra solução”, escreveu o advogado ao militar.
https://youtu.be/0ZpGfdZV2wA
No relatório da PF sobre a perícia feita no celular de Mauro Cid há vários indícios de uma trama golpista. Vale destacar que, além do roteiro para um golpe, havia no aparelho um questionário que Ives Gandra respondeu em 2017 sobre a “garantia dos poderes constitucionais”.
A citação ao jurista usa a interpretação que ele faz sobre o artigo 142 da Constituição, que inaugura um capítulo sobre a competência das Forças Armadas. “A base do pensamento do doutrinador está na interpretação de que o art. 142 da Constituição assegura às Forças Armadas o papel de evitar abusos pelo Poder Judiciário”, diz o documento.