VÍDEO: Após cessar-fogo, milhares de palestinos retornam à destruída Cidade de Gaza

Atualizado em 11 de outubro de 2025 às 12:49
Milhares de palestinos retornam à Cidade de Gaza. Créditos: BASHAR TALEB / AFP

Milhares de palestinos deslocados voltaram neste sábado (11) à devastada Cidade de Gaza, no segundo dia do cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em meio a cenas de destruição e emoção. A trégua, proposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, levou à retirada parcial das tropas israelenses e abriu caminho para o retorno de famílias que estavam abrigadas no sul do território.

De acordo com a agência de defesa civil de Gaza, cerca de 50 mil pessoas chegaram à cidade neste sábado, elevando o número total de retornados a 250 mil desde o início da trégua, na sexta-feira (10). Muitos voltaram a pé pela estrada costeira, observando os destroços deixados por semanas de bombardeios.

“Caminhamos por horas, e cada passo foi tomado com medo e ansiedade pelo meu lar”, contou Raja Salmi à AFP. Ao chegar ao bairro de Al-Rimal, ela encontrou apenas ruínas. “Ela não existe mais. É apenas um monte de escombros. Fiquei diante dela e chorei. Todas aquelas memórias agora são apenas pó.”

Outros, como Sami Musa, de 28 anos, encontraram parte das casas de pé. “Graças a Deus… descobri que nossa casa ainda está de pé, embora tenha sofrido alguns danos que podemos reparar”, disse.

Entre escombros e o cheiro da morte, muitos moradores descrevem a sensação de retorno como o reencontro com uma cidade irreconhecível. “Parecia uma cidade fantasma, não Gaza”, completou Sami Musa. “Mas é o nosso lar — e é aqui que vamos recomeçar.”

O acordo de cessar-fogo

Pelo acordo mediado por Trump, o Hamas deve libertar 47 reféns restantes — vivos e mortos — dos 251 sequestrados em 7 de outubro de 2023, além dos restos mortais de um refém mantido desde 2014. Em troca, Israel libertará 250 prisioneiros, incluindo condenados à prisão perpétua, e 1.700 palestinos detidos em Gaza desde o início da guerra.

O cessar-fogo de 72 horas começou às 9h de sexta-feira e deve durar até a manhã de segunda (13). Enquanto o Hamas e seus aliados celebraram o acordo como “um revés para os planos de deslocamento” de Israel, Trump afirmou acreditar que “ambos os lados estão cansados da luta” e que a trégua deve se manter.

Divergências e incertezas

Apesar da trégua, ainda há divergências sobre o plano pós-guerra. O Hamas rejeita a exigência de desarmamento prevista no acordo. “Não vamos nos desarmar… (até que) tenhamos um Estado independente e soberano capaz de se defender”, declarou Bassem Naim, integrante do bureau político do grupo, à Sky News.

O plano também prevê a criação de uma força internacional de segurança em Gaza, proposta que segue em negociação entre mediadores internacionais.

Enquanto famílias vasculham ruínas em busca de sobreviventes e lembranças, Gaza segue marcada pela devastação. A ofensiva israelense deixou 67.682 mortos, segundo o Ministério da Saúde do território — número considerado confiável pela ONU. Mais da metade das vítimas são mulheres e crianças.