
Durante participação em um podcast do Movimento Brasil Livre (MBL), o ex-deputado Arthur do Val, cassado após fazer turismo sexual na guerra da Ucrânia, afirmou que mães periféricas são responsáveis pelo fortalecimento do tráfico de drogas. O comentário ocorreu enquanto ele falava sobre o massacre no Rio de Janeiro.
“As mães de criminosos organizados, com todo respeito, elas falharam enquanto mães, vocês vão me desculpar. Eu não sei se foi porque você não soube escolher o seu parceiro, se você escolheu o famoso moreno alto com cara de bandido que lhe abandonou. Você falhou como mãe”, declarou o ex-deputado, conhecido como “Mamãe Falei”.
O ex-deputado continuou, afirmando que essas mulheres não sabem escolher seus parceiros nem criar os filhos.
“Uma coisa que me chama atenção é que eu vi muitas mães chorando, eu vi quase nenhum pai: ou ele abandonou a família, ou ele está preso, ou ele está morto, ou você nem sabe quem é o cara. Então, quem sacrificou o teu filho, quem sacrificou quase uma geração inteira de jovens periféricos do Rio de Janeiro, foram vocês, mães, que não souberam escolher os seus parceiros e não souberam criar os seus filhos”, disse.
@arthurmoledoval , isso foi baixo demais. Quando um homem público coloca a culpa de uma chacina nas mães, ele não está só sendo cruel; está reproduzindo a lógica que historicamente culpa as mulheres, sobretudo as mais pobres , por problemas estruturais que são do Estado. pic.twitter.com/uugWlAHUbw
— Duda Salabert (@DudaSalabert) October 30, 2025
A operação citada por Arthur do Val, batizada de Operação Contenção, foi deflagrada na terça (28) e é considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, com mais de 124 mortos, entre civis e policiais. A ação ocorreu nas comunidades da Penha e do Alemão, na zona norte da capital, e gerou denúncias de violações de direitos humanos apresentadas à Defensoria Pública do Estado.
Segundo o órgão, há indícios de descumprimento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como “ADPF das Favelas”, que visa reduzir a letalidade policial no estado. Moradores relataram remoções irregulares de corpos, ausência de socorro médico e execuções sumárias.
Em nota conjunta, 27 organizações da sociedade civil classificaram a operação como “o episódio mais violento da política de segurança do Rio de Janeiro”, destacando que “segurança pública não se faz com sangue”. Já o governador Cláudio Castro (PL) defendeu a ação, afirmando que o estado está “sozinho nesta guerra” e que, se necessário, “vai exceder os limites” para “servir e proteger o povo”.

