
O ministro Luís Roberto Barroso anunciou que deixará o Supremo Tribunal Federal (STF) antes do prazo legal, encerrando uma trajetória de mais de doze anos na Corte. A decisão, amadurecida desde sua saída da presidência do tribunal, foi comunicada nesta quinta-feira (9) e já movimenta os bastidores do governo e do Judiciário.
Barroso fez um discurso emocionado, recebeu aplausos de pé dos colegas e disse que pretende “seguir novos rumos”. Segundo ele, a decisão foi pessoal e tomada sem relação com o momento político.
“É hora de seguir novos rumos. Não tenho apego ao poder e gostaria de viver a vida que me resta sem as responsabilidades do cargo. Os sacrifícios e os ônus da nossa profissão acabam se transferindo aos familiares e às pessoas queridas”, declarou.
“Foi uma decisão longamente amadurecida que nada tem a ver com fatos da conjuntura atual. Há dois anos, comuniquei o presidente da República (Lula) sobre essa possível intenção. Essa é a última sessão plenária de que participo”.
A aposentadoria de Barroso estava prevista apenas para 2033, quando completaria 75 anos, mas ele afirmou que fará um “retiro espiritual” ainda neste mês antes de formalizar a saída.
Luís Roberto Barroso anuncia aposentadoria do STF. “Sinto que agora é hora de seguir outros rumos”, disse o ministro.
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— GloboNews (@GloboNews) October 9, 2025
Indicado em 2013 pela então presidente Dilma Rousseff, Barroso consolidou-se como uma das vozes mais influentes do Supremo. Relatou ações de grande impacto social e político, como a que suspendeu despejos durante a pandemia e a que garantiu transporte público gratuito nas eleições de 2023.
Natural de Vassouras (RJ), Barroso é professor titular de Direito Constitucional na Uerj, doutor pela mesma universidade, mestre pela Universidade de Yale e pós-doutor pela Universidade de Harvard, ambas nos Estados Unidos.
Também foi responsável por decisões sobre o porte de maconha para uso pessoal e pela limitação do foro privilegiado para autoridades públicas. Durante sua presidência, comandou o tribunal nos julgamentos sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro, que resultaram na condenação de dezenas de envolvidos, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O anúncio antecipado abriu espaço para intensas articulações em torno da sucessão. O nome mais cotado é o do advogado-geral da União, Jorge Messias, de perfil técnico e próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também circulam como possibilidades o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o presidente do TCU, Bruno Dantas, e o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius Carvalho. A decisão final dependerá da estratégia política do governo diante das eleições de 2026.