
O deputado estadual de São Paulo Paulo Bilynskyj (PL) fugiu um debate com o jornalista Breno Altman no podcast 3 Irmãos, após ser questionado sobre elogios feitos à divisão nazista Galizien, tropa ucraniana que atuou sob comando da SS de Adolf Hitler. O episódio ocorreu durante transmissão ao vivo.
No embate, Altman afirmou que Bilynskyj teria mentido ao negar a ligação da divisão Galizien com o nazismo. Segundo o jornalista, a tropa era composta por oficiais austríacos e alemães e foi uma das mais violentas do regime hitlerista. O parlamentar reagiu alegando que estava sendo “agredido” e decidiu se retirar antes do fim do seu tempo de fala.
Durante a transmissão, Altman ressaltou que não havia feito qualquer acusação relacionada a familiares de Bilynskyj, mas sim ao conteúdo das declarações públicas do deputado. “Ele mentiu quando disse que a Galizien não era nazista. A comprovação histórica mostra o contrário”, afirmou o jornalista, antes de seguir sozinho no programa.
O momento mais tenso ocorreu quando Altman acusou o deputado de cinismo, afirmando que se tratava de uma postura comum da extrema-direita em debates. Pouco depois, Bilynskyj agradeceu, levantou-se e deixou o estúdio. “Eles vão embora quando se sentem pegos na mentira”, comentou o jornalista em seguida.
A divisão Galizien, formada em 1943, foi integrada às Waffen-SS, braço paramilitar do regime nazista, e esteve envolvida em operações de repressão contra civis na Europa Oriental.
O deputado Paulo Bilynskyj acabou de FUGIR DO DEBATE com o Breno Altman, no podcast 3 Irmãos. Ele não suportou ser questionado sobre ter exaltado a divisão nazista Galizien, uma divisão ucraniana que serviu à SS. Ele preferiu fugir pra não responder se lutaria na divisão, assim… pic.twitter.com/pAaEFXraXn
— Vinicios Betiol (@vinicios_betiol) September 28, 2025
Entenda o caso
O caso soma-se a outro episódio de 2023, quando Bilynskyj utilizou a tribuna do parlamento para homenagear o avô, Bohdan Bilynskyj, voluntário da Waffen-SS. Na ocasião, exaltou a participação do antepassado na Segunda Guerra Mundial como inspiração para sua carreira política. O discurso foi repudiado pelo Instituto Brasil-Israel, que classificou a fala como exaltação a quem lutou ao lado de nazistas.
O historiador Michel Gherman, assessor acadêmico do Instituto, criticou o deputado ao lembrar que unidades ucranianas da Waffen-SS participaram do Holocausto. “Seu avô lutou ao lado dos nazistas que massacraram, no território ucraniano inclusive, a família do meu avô”, afirmou na época. Para Gherman, ao relativizar a luta contra a União Soviética, o parlamentar escolheu “o mal absoluto como alternativa aceitável”.